Todo equipamento sofre desgaste, modificações, avariações durante a vida útil e, em determinado momento, perde suas funções e, tornando-se sem utilidade, vai para o descarte. Tudo que é feito de matéria passa pelo processo de decomposição para a transformação, inclusive o nosso corpo físico.
Um dos grandes medos do ser humano é o envelhecimento e a decrepitude, mas este é um fenômeno natural e que ocorre com todos. O exagero que se comete na busca da eterna juventude deveria, na verdade, estar direcionado para o prolongamento da vida com saúde (observam-se algumas técnicas e procedimentos que visam atuar na estética e na aparência e que, muitas vezes, comprometem a saúde).
É possível entender o medo de envelhecer porque o ser ainda baseia a felicidade nas coisas externas e enquanto ele focar na casca e na aparência, não compreenderá que é na essência, no mundo íntimo, que a encontrará.
É necessário mudar o objetivo da vida porque, se este está na matéria que é perecível, a vida perde o sentido. Quantos envelhecem apenas acrescentando anos à sua vida, ficando ranzinzas porque não acrescentaram aprendizados, vivências e amor. Não que não tenham tido oportunidades, porque a vida oferece-as a todos, mas porque não souberam tirar as lições das experiências. Muitos, ao direcionarem o interesse somente para as coisas exteriores e perecíveis, quando se dão conta que elas têm fim, percebem que passaram uma encarnação inteira sem ou com pouco proveito para o Espírito imortal.
A existência na Terra é uma escola que não deve ser desprezada sob pena de sentir arrependimento e remorso por não ter aproveitado a chance, tendo a sensação de tempo perdido.
Envelhecer é algo material e natural; amadurecer é espiritual e exige esforço e boa vontade. A fruta necessita de condições externas para amadurecer; o homem precisa de condições externas e internas. Passar pela experiência não significa, necessariamente, que se aprendeu a lição. É semelhante ao aluno que está na escola: isso não quer dizer que está aprendendo. É imprescindível a análise, o estudo, a boa vontade, o esforço, e rever o conteúdo para que este faça parte do conhecimento individual. Somente quando se aprende as lições da vida, quando se conhece a si mesmo, quando se acrescenta virtudes é que o indivíduo amadurece.
A pessoa madura é uma pessoa de bem com a vida, feliz com o destino, que não briga com o mundo, nem com os outros, porque sabe que todas as lições são necessárias e todas as vivências são importantes. Entende a felicidade não como um objetivo ou um foco, mas como a grande jornada eterna do Espírito. Por isso procura ao longo do caminho o equilíbrio, a serenidade, a resignação e o exercício do bem, e encontra neles suas fontes de satisfação e alegria.
Cada reencarnação é a possibilidade de dar um passo a frente na evolução. Mas tanto a evolução quanto o amadurecimento não acontecem por ‘decreto divino’, e sim pelo empenho que se tem na própria transformação moral e pelos esforços que se faz para superar as más inclinações.
Luis Roberto Scholl