Ao longo da história, e ainda hoje, em plena era tecnológica, grande parte da humanidade separou a razão e a fé. Na antiguidade, isso foi um processo comum, um meio de se manter inculta a grande massa populacional, tornando-a mais suscetível e maleável aos interesses dos detentores do poder.
No século XV, Galileu Galilei, um homem muito à frente do seu tempo, foi considerado herege e louco por desafiar os dogmas estabelecidos até então com o geocentrismo.
Mais adiante, outra grande alma, também missionária, Allan Kardec, foi considerado demente por diversas autoridades eclesiásticas e científicas por quebrar paradigmas considerados pelas duas correntes como “verdades incontestáveis”. Ao perceber que em um fenômeno chamado de “mesas girantes” havia muito mais do que uma simples brincadeira de salão, descortinou toda uma doutrina filosófica-científica-moral trazida pela alma dos homens que já haviam habitado este mundo, de conseqüências profundas no porvir da humanidade.
Normalmente o que desafia o “status-quo” vigente abala estruturas frágeis construídas em bases pouco sólidas, tendo então o combate daqueles que se sentem prejudicados pelas novas idéias. É claro que tudo deve ser estudado desapaixonadamente, jamais abandonando o crivo da razão, mas, aquilo que não é aceito, apesar de todas as comprovações, demonstra estados mentais de pequenez intelectual.
Entre a razão e a fé não pode haver divergências e se essas existem, só ocorrem pela incapacidade de raciocínio dos responsáveis pela ciência ou pela fé ainda obscurecida pela cegueira dos responsáveis pela religião. Ambas são decorrências naturais de uma mesma lei divina e as suas conquistas somente são obtidas com muito esforço e persistência.
A fé nos diz que existe um Deus justo e misericordioso, Pai, Criador do Universo.
Realmente, como as próprias leis científicas denotam que todo efeito tem uma causa, sendo o Universo um efeito, a causa deve ser necessariamente soberana sobre todas as coisas. Mas essa mesma razão nos impõe que sem a lei de reencarnação não é possível conceber este Deus bondoso, pois o mundo apresenta-se com muitas diferenças e aparentes injustiças.
A fé orienta: a cada um segundo suas obras.
A razão cita a lei de causa e efeito como sendo o hoje resultado do nosso ontem (inclusive de outras existências) e nos convida a semear agora o amanhã com os germens da bondade.
O desenvolvimento intelecto-moral leva os homens a encontrar razões (mente) para as coisas que a fé (coração) intuitivamente leva a crer serem verdades.
A Doutrina Espírita supre essa carência provocada pela falsa dualidade ciência/religião com serenidade e convida a todos para o questionamento. Com sua essência informativa e consoladora certamente tem um papel fundamental na reforma moral da sociedade, pois incentiva o indivíduo a começar a construção da paz dentro do seu mundo íntimo.
Luis Roberto Scholl