Essa era a forma especial com que Jesus costumava saudar as pessoas, quando era recebido ou se despedia. O Mestre, o maior exemplo de um coração pacificado, foi o grande propagador da paz.
Entre os homens, também desejamos a paz aos outros e a nós mesmos. No entanto, como é possível alcançar este estado de serenidade ante os conflitos que nos oferece o mundo exterior?
A conquista da paz íntima depende, acima de tudo, do entendimento do sentido da vida. Entender por que vivemos, o que estamos fazendo aqui, qual a nossa verdadeira missão e como enfrentar os desafios terrenos. O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo que encare a vida terrena1.
Quando entendemos que as vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser esta causa2 estamos dando um passo importante em direção à paz. Aquele que sabe por onde caminha e porque está trilhando a jornada, naturalmente, sente-se mais seguro, pois sabe aonde chegará.
Não basta viver, é preciso saber viver. Essa é uma das principais aprendizagens que viemos conquistar: As provações da vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas3.
Precisamos estabelecer uma relação de paz com a vida, com as nossas condições. Não lutar contra, mas buscar aprender com as experiências. Aceitar as limitações. Todos temos imperfeições. A maior prova é o fato de estarmos vinculados a um Planeta classificado na hierarquia dos mundos como de provas e expiações.
Melhorando-se moralmente, tanto quanto intelectualmente4, através do trabalho e da oração, na medida dos nossos esforços, iremos atingir a perfeição, estado de plena felicidade e paz, independente dos acontecimentos, pois intimamente não teremos mais nada que possa nos afligir.
Então, não adianta se revoltar contra aquelas condições que nos parecem desfavoráveis. Limitações, doenças, falta de recursos são como que escoras para que não venhamos a nos distrair no caminho. A vida é uma escola e no seu processo de ensino-aprendizagem oferta apenas as provas que necessitamos e temos condições de suportar. Pela resignação; tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar5.
Nem tudo o que sofremos decorre de faltas cometidas. A justiça divina não é punitiva, mas educativa. Onde vemos o mal, aí está um recurso valioso que a misericórdia divina oferece para o nosso bem.
As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação. Pode dar-se que um homem nasça em posição penosa e difícil, precisamente para se ver obrigado a procurar meios de vencer as dificuldades. Bem-aventurados os aflitos6.
Imprescindível, também, buscar um estado de gratidão pelo que somos e temos. Por que tantos desejos? Por que tantas inquietações? Agora estamos vivendo dentro de um contexto que se ajusta as nossas reais necessidades. Temos a nossa disposição tudo o que realmente nos será útil para a realização do nosso progresso espiritual.
Confiar em Deus. Dizer e viver segundo a proposta de Jesus: Seja feita a Tua vontade assim na Terra como no Céu7, eis o melhor roteiro para a paz.
Cleto Brutes
1a 6 KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. cap. V.
7 Mateus. 6:10.