(Des)orientação

Há muitos anos aquela jovem senhora sentia-se atormentada. Vivia em constante complexo de culpa e atemorizada com o que mais poderia lhe ocorrer. Depois de muito sofrer, criou coragem e resolveu procurar uma Casa Espírita em busca de orientação.

Assistiu à palestra, da qual gostou muito, recebeu o passe e, mais animada, procurou o atendimento fraterno da Casa para conversar.

Atendida gentilmente pela trabalhadora, após os contatos iniciais, relatou que fazia muito tempo que ela não sabia o que era paz. Disse que há 17 anos havia procurado um “consultório espiritual” para, através de um “médium”, solicitar orientação para sua vida, pois estava enfrentando algumas dificuldades. O pretenso médium afirmou que ela era portadora de faculdade mediúnica e deveria “desenvolver a mediunidade”. Seus problemas eram causados por este motivo e se ela não o fizesse, seus problemas iriam aumentar, trazendo infelicidade à sua vida. Ela, que nada sabia sobre mediunidade, assustou-se ainda mais com a “orientação”, buscando fugir do assunto, pois lhe parecia muito perturbador…

Terminou seu relato em lágrimas, afirmando que nada na sua vida dava certo porque não tinha se transformado em médium. Estava ali para tentar achar uma solução, procurando reverter essa situação.

A dedicada trabalhadora compreendeu que a orientação equivocada feita há tanto tempo atrás trouxe muita perturbação àquela senhora. Procurou fazê-la ver que a sua vida, longe de ser uma vida de problemas, era uma vida normal, de altos e baixos, como a de todos os seres em evolução neste planeta. As dificuldades que ela estava enfrentando estavam relacionados a própria conduta, à programação reencarnatória e ao cumprimento da lei de causa e efeito, não tendo nenhuma relação com mediunidade. Convidou-a a exercitar a paciência, a tolerância, o perdão, a autoconfiança, fazer o bem ao próximo, atitudes que lhe trariam a harmonia e o equilíbrio.

Após acalmá-la, explicou que a orientação dada anos atrás estava desprovida de fundamento teórico e prático. A senhora, na realidade, jamais havia denunciado qualquer sinal de mediunidade ostensiva: não enxergava Espíritos, nem os ouvia, nem percebia qualquer presença espiritual, portanto, não era médium.

Explicou que os Espíritos exercem influência espiritual, sobre nós encarnados, podendo esta ser direcionada para o bem, pela modificação do nosso padrão vibratório, saindo do medo para a confiança, da descrença para a fé, do pessimismo para o otimismo. Quando existe a compreensão de como os Espíritos podem nos influenciar, torna-se mais fácil ligar-se aos Espíritos amigos que desejam o nosso bem. A mediunidade, quando existe, não traz perturbação ao seu portador, se exercida com equilíbrio e benevolência.

Após estes e outros esclarecimentos, sentindo-se “200 quilos mais leve”, a senhora foi para sua casa com a sensação de alívio e alegria, assumindo novos propósitos para sua vida, compreendendo que a sua felicidade dependia somente de si e que a prática do bem seria a sua meta. Resolveu participar de um grupo de estudos da Doutrina Espírita, a fim de compreender melhor o Espiritismo e seus postulados, porque a falta de esclarecimento e a “(des)orientação” a havia deixado em desarmonia e infelicidade por muito tempo.

Luis Roberto e Claudia Scholl