A velocidade com que acontece o desenvolvimento tecnológico é algo estonteante. Na vida moderna estão sendo colocadas diariamente novidades que, segundo a propaganda, são imprescindíveis para o nosso viver. O que até ontem era moderno hoje é desatualizado; o que até pouco tempo era indispensável, agora já é descartável e substituível por outra coisa qualquer…
A sociedade ainda carente de evolução espiritual corre em um regime de moto-contínuo em busca do inatingível: a felicidade fundamentada nas posses materiais e nas aparências. Os homens se escravizam, gastam energias em demasia, adquirem doenças, buscando juntar valores transitórios e duvidosos, provocando um círculo vicioso (trabalho – consumo – + trabalho – + consumo) de difícil libertação. Muitas vezes o apego que sentimos às posses é disfarçado como necessidades de segurança e equilíbrio quando, na realidade é a simples satisfação do ego e falta de confiança em Deus e em si mesmo.
O desapego aos bens materiais se impõe como medida saudável de equilíbrio, preparando-nos para os momentos que deixarmos o corpo material e os valores transitórios. O seu treinamento nos leva a um autoburilamento, mudanças de atitudes e visão de vida. Há quem facilmente se desprende de determinados objetos, aparentemente adotando um gesto de generosidade, mas que, quando se trata de valores apaixonantes, caprichos, pontos de vista, orgulho, agem com rigor de temperamento não cedendo, não doando, não desculpando, cultivando o ressentimento e o egoísmo.
A sociedade culturalmente materialista trabalha desfavoravelmente ao Ser, massificando-o em seus sentimentos e ideais. O homem perde a identidade própria tornando-se, como afirma Joanna de Ângelis, o homem-espelho que apenas reflete o desejo e a opinião dos outros.
Trabalhar o desapego não significa abdicar do conforto que o progresso proporciona, pois se ele existe, é por permissão Divina e para que o homem possa dele usufruir. O que não deve ocorrer é a pessoa viver quase que exclusivamente visando a aquisição de bens materiais, fazendo disso seu objetivo de vida.
Os espíritos superiores nos orientam a treinarmos a renúncia total, iniciando-a com coisas de pequena monta, libertando-nos de alguma posse, transferindo recursos que sobram, doando excessos, habilitando-nos para, no futuro, praticarmos a renúncia de nós mesmos, responsável pela nossa elevação moral, seguindo as palavras de Paulo de Tarso:
“Já não sou eu quem vive, mas o Cristo que vive em mim”.
Luis Roberto Scholl
Bibliografia: Ângelis, Joanna; Franco, Divaldo,
Momentos de Iluminação, LEAL.