A vingança é um sentimento inferior que se liga ao ódio, ao rancor, à desforra, enfim, à busca de justiça pelas próprias mãos.
O sentimento ou o desejo de vingança, embora nem sempre percebemos, pode estar presente em pequenos gestos, tais como quando boicotamos o nosso colega de trabalho ou o nosso chefe em razão de algo que nos desagradou; quando o castigo ao nosso filho não é condizente com o erro por ele praticado e não objetiva um aprendizado; quando deixamos de atender a uma solicitação do nosso cônjuge por ele ter nos magoado ou ofendido.
Em todas as situações, quer se manifeste em pequenos ou grandes gestos, a vingança denota a nossa falta de humildade, a nossa incapacidade de perdoar, mostrando o quanto ainda carregamos, em nosso íntimo, o orgulho e o egoísmo, sentimentos que ocultam as nossas imperfeições, impedindo nossa auto-análise e retardando a nossa evolução. E, quando o egoísmo penetra no coração do ser humano, ele se torna cego, só vê a si mesmo, a ele só importa os seus problemas, apenas deseja satisfazer os seus caprichos e prazeres, quase sempre de pequena importância.
A vingança nasce, pois, do desconhecimento da máxima de Jesus: o Amor. Ele nos ensinou que não devemos querer para os outros aquilo que não queremos para nós.
A doutrina dos espíritos nos ensina que há mais coragem em suportar um insulto do que em se vingar. Só poderá vivenciar este modelo sublime, aquele que acredita na existência de algo mais além dessa vida; que tem a certeza de que está aqui neste planeta Terra exatamente para aprender a exercitar virtudes que ainda não conseguiu adquirir: a de ser humilde de espírito. Mas não devemos confundir humildade com humilhação. Ser humilde não significa abaixar a cabeça ante as agressões. O Mestre maior, em muitas das suas lições, mostrou que devemos agir com energia, principalmente frente à hipocrisia daqueles que se acham únicos possuidores da verdade.
Quando o Mestre proferiu as palavras “Ao te baterem na face direita, ofereça a outra face.”, foi mal interpretado, pois não significava um ato de covardia, de sujeição à violência. Não estaria condizente com uma das leis naturais de Deus, que é a da conservação da integridade física. Ninguém em sã consciência se expõe ao inimigo para ser aniquilado.
Jesus ao nos orientar a oferecer a outra face, não proibiu a defesa, mas condenou a vingança! Ante a face do mal, mostrar a face do bem; ante a indiferença, a compaixão; ante a vingança, oferecer o perdão; frente ao orgulho, ser humilde; quando nos mostrarem a face do egoísmo, pratiquemos a caridade; ante a face do ódio, oferecemos a face do amor.
A humanidade terrena precisa compreender que para ter paz terá que percorrer o caminho da compreensão, da indulgência e do perdão, agindo por si mesmo, sem esperar que esses sentimentos nobres sejam de iniciativa dos seus semelhantes. É preciso que preceitos como o “Fora da Caridade não há Salvação” não figurem apenas em estudos evangélicos, mas sim estejam presentes em todas ações e principalmente nos nossos pensamentos.
Sigamos a Jesus, que nos mostrou a importância do perdão, ensinando-nos que ninguém chegará ao Pai sem antes exercer o perdão plenamente. Como podemos almejar o perdão de nossas ofensas, se ainda não conseguimos fazer o mesmo em relação aos nossos ofensores? Esse é o exemplo deixado pelo Mestre Jesus que ao ser crucificado disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Fonte consultada: O Evangelho Segundo
o Espiritismo, Cap XII, Item 09.
Revista Reformador, maio de 2001.