Muitas pessoas questionam sobre como conversar a respeito da morte com seus filhos. Será necessário tocar no assunto? Contar ou não contar que alguém morreu? Como contar que alguém morreu? Será que a criança irá entender?
Se pararmos para pensar, veremos que nós, adultos, temos muitas dificuldades em abordar o assunto. Muitos recusam-se,inclusive, a pensar na possibilidade de que algum dia irão morrer ou que algum dos seus afetos possa desencarnar.
A morte sempre foi envolvida em mistérios, em tabus, sendo vista como algo terrível, fúnebre, que não deve ser comentado. As religiões que deveriam esclarecer seus fiéis sobre o assunto, preparando-os para este momento, pouco falam a respeito.
A Doutrina Espírita veio trazer luz sobre o assunto. O Espiritismo “matou a morte”, esclarecendo-nos que a morte é a continuação da vida, que ao morrermos deixamos apenas o corpo, que irá se decompor (por isso o termo desencarne), mas não perdemos nossa individualidade, nossos gostos, a capacidade de pensar e sentir. E que temos tantas reencarnações quantas forem necessárias para nosso aperfeiçoamento, aprendizado, reparação de faltas e aquisição de virtudes e valores morais.
As afeições que temos, os laços de amor, amizade e estima não se acabam com a morte; sabemos que iremos nos reencontrar no plano espiritual, como em outras encarnações, com nossos entes queridos.
Sabendo tudo isso, por que não passarmos essas informações aos nossos filhos?
A criança é muito curiosa, está descobrindo o mundo, e assim como faz perguntas sobre outros temas, também fará sobre a morte. Com palavras simples, adequadas ao seu nível de compreensão, devemos explicar que ao morrermos deixamos o corpo e vamos para a dimensão espiritual.
Podemos aproveitar a morte do avô de um coleguinha ou do animal de estimação para comentarmos a respeito do assunto, dando a visão consoladora da Doutrina Espírita. Assim, estaremos preparando-o para o desencarne de alguém mais próximo, esclarecendo, como algo que faz parte da vida e que é inevitável, acontecerá com todos nós.
Não devemos esconder o desencarne de alguém próximo da criança, muito menos dizer que a pessoa viajou (a criança poderá sentir-se abandonada) ou que dormiu (poderá vir a ter medo de dormir).
Uma dúvida de muitos é se a criança deve ou não ir ao velório. Não há por que não levá-la. Devemos escolher um momento mais tranqüilo, quando haja menos pessoas, não sendo necessário ficar muito tempo; explicar que o corpo está ali, mas que o espírito continua vivo, na dimensão espiritual e que receberá com alegria as preces e os bons pensamentos de todos. Se a criança recusar-se a ir, não devemos forçá-la, mas explicar, com amor, o que aconteceu.
Procurando vencer os nossos tabus e incertezas a respeito do desencarne, poderemos esclarecer melhor nossas crianças, cumprindo, assim, a nossa tarefa de educadores com responsabilidade, sem subestimar a capacidade de entendimento da criança, que é um ser que retorna à vida corporal, mas que tem toda uma bagagem de consciência e entendimento corporal.