A Conquista da Fé

A palavra fé possui vários significados: ‘- Este é um homem de fé!’, quer dizer alguém que honra seus compromissos; também pode ser o testemunho autêntico que certos funcionários dão por escrito; ou conjunto de dogmas ou doutrinas que constituem um culto; mas o significado que nos importa é: confiança em alguém ou em alguma coisa.

Fé é esta confiança que depositamos e que não deve ser divorciada do intelecto. Por exemplo: a fé que depositamos na ciência é testemunhada por exames, pesquisas feitas, não por nós pessoalmente, mas por pessoas habilitadas para tal, cuja fé também se dá crédito. Quando ingerimos um medicamento para determinada doença temos a fé que ele fará o efeito desejado nos livrando ou amenizando o mal que estamos sofrendo, acreditando na formação do médico que o receitou, nas pesquisas efetuadas pelos cientistas e também nos laboratórios que manipulam as substâncias indicadas, apesar da não estarmos presente em nenhum desses acontecimentos.

Quando adquirimos um automóvel para viajarmos com nossa família, temos fé que o fabricante e seus funcionários se empenharam para nos dar uma condução segura e isenta de falhas para que nos transporte sem sustos durante o percurso.

A expressão da fé do ponto de vista psicológico e filosófico é, portanto, a anuência do intelecto ante um fato, uma teoria, crendo na sua comprovação mediante a demonstração científica ou experimental.

Kardec afirma que fé inabalável só é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da Humanidade exatamente porque ela deixa de ser um dogma, um ponto indiscutível de uma doutrina, para ser algo consentido pela razão, pelas comprovações das evidências e legitimado pelos fatos.

No âmbito da religiosidade a fé também não pode estar afastada da razão. A Doutrina Espírita propõe a fé racional, pois foi e continua sendo construída em bases científicas experimentais, com metodologias bem estabelecidas, trazendo aos homens não só uma ciência mas também uma filosofia prática que conduz a uma conduta moral irretocável.

Confirmando a continuação da vida após a morte do corpo, a pré-existência do Espírito antes do nascimento físico, a reencarnação, as consequências morais para os indivíduos de acordo com suas atitudes, fatos largamente comprovados pelas pesquisas espíritas, através da mediunidade sóbria e equilibrada, surgem os fundamentos do comportamento moral do homem segundo as leis divinas, dando a ele, conforme sua conduta, a perspectiva de um futuro mais ou menos feliz.

Para vencer a ‘fé do carvoeiro’ ou crença cega, o Espiritismo traz inúmeros fatos positivos, documentos comprobatórios de todos seus princípios e, ao contrário de outras doutrinas, seus fundamentos foram construídos a partir das pesquisas para somente então formar a teoria filosófica com consequências morais e religiosas.

Como não precisamos testar um medicamento toda vez que o adquirimos na farmácia para ver se ele terá realmente o efeito desejado, a teoria espírita não precisa ser constantemente testada, todos os dias, a todo curioso que deseja. Para compreendê-la e aceitá-la basta um estudo sério e aprofundado dos seus princípios para, através do embasamento teórico, ver a beleza das verdades trazidas pelos Espíritos codificadores.

A fé não é uma gratuita concessão divina, não pode prescindir da razão, nem pode fugir da lógica dos fatos e, portanto, necessita de esforço próprio para ser conquistada. Mas ela é imprescindível ao ser inteligente, pois sem ela a vida perderia o sentido.

Como afirma Um Espírito Protetor em O Evangelho Segundo O Espiritismo (cap.19, item 12): No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros, é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade.

Estude, questione, discuta, sempre de forma razoável e racional e terás nos ensinamentos espíritas a sustentação para a constituição de uma fé racional, fortalecida, “alicerçada sobre a rocha”, fundamentada na crença em um Deus justo e misericordioso, na existência dos Espíritos e do Mundo Espiritual, na reencarnação, na lei de causa e efeito e nos demais princípios espíritas, que certamente auxiliarão na conquista da esperança, confiança e fé no futuro.

 

Luis Roberto Scholl