Allan Kardec, de forma didática, apresenta na Conclusão de O Livro dos Espíritos, no item VII, material que merece estudo mais aprofundado.
Devido à eminente característica transformadora da Doutrina Espírita, o Codificador preconizou o desenvolvimento, os antagonismos e as consequências do Espiritismo, fatos que se confirmaram através dos anos. Vejamos o que escreve Kardec:
O Espiritismo se apresenta sobre três diferentes aspectos:
1) o das manifestações;
2) o dos princípios de filosofia;
3) o da moral que decorre da aplicação destes princípios.
Formam-se, a partir daí, três classes de espíritas:
1) aqueles que acreditam nas manifestações, estudando o Espiritismo como uma verdadeira ciência experimental, mas não tiram lições úteis dessas (exclusivamente científicos);
2) aqueles que entendem a filosofia espírita e suas consequências morais (exclusivamente filosóficos);
3) aqueles que praticam ou se esforçam para praticar as leis morais (os verdadeiros espíritas que, dos aprendizados científicos e das lições filosóficas, vivenciam os ensinamentos).
Os adversários se posicionam em três categorias:
1) negação sistemática e total, combatem sem conhecimento de causa. São incrédulos e obstinados. Não se preocupam em saber o que é o Espiritismo (movidos pelo orgulho e presunção);
2) conhecem a verdade dos fatos e os combatem, motivados por interesse pessoal. Para esses o Espiritismo existe, mas tem medo de suas consequências (movidos pela ambição);
3) fecham os olhos, pois acham a moral espírita uma censura severa demais aos seus atos ou às suas tendências (movidos pelo egoísmo).
Três consequências do Espiritismo:
1) desenvolvimento do sentimento religioso (motivada pela fé racional);
2) resignação nas vicissitudes da vida (proporciona ver as coisas por outro ângulo – da reencarnação e da lei de causa e efeito);
3) estimula no homem o perdão e a tolerância para com os defeitos dos outros e a caridade com as necessidades alheias (abnegação da personalidade é o sinal mais eminente de progresso).
Em O Livro dos Médiuns (II parte, capítulo XXVI, item 292, questão 22) encontramos a afirmativa de que o objetivo essencial, exclusivo do Espiritismo, é o nosso adiantamento e é por esse motivo que Deus permite aos Espíritos iniciarem à Humanidade encarnada o estudo quanto à vida futura, oferecendo exemplos para o nosso aproveitamento.
O Espiritismo ocasionará a transformação da Humanidade pelo melhoramento dos indivíduos. A crença nos Espíritos, na reencarnação, na imortalidade da alma, na lei de causa e efeito só tem importância se esta crença nos torna melhores, mais benevolentes, mais indulgentes para com os nossos semelhantes. Que serve ao avaro ser espírita, se é sempre avaro; ao orgulhoso, se continua orgulhoso; ao invejoso, se permanece igual?
O esforço do verdadeiro espírita é baseado na superação de suas más tendências, reforçando em si os sentimentos de caridade e fraternidade. A bandeira que o espírita deve levantar bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário sob a qual devemos nos abrigar concorrendo para a grande obra de uma nova era para a Humanidade (O Livro dos Médiuns, II parte, cap. XXIX item 350).
Luis Roberto Scholl