Todos os povos cultivaram a crença no auxílio de algo superior. Os nomes que foram atribuídos a esses seres divinos variam de acordo com a compreensão e a fase evolutiva da humanidade.
Anjos, Santos ou Espíritos protetores são seres que assumem o papel de auxiliar os outros, encarnados ou desencarnados a cumprirem a meta de progredir moralmente.
A harmonia do Universo é sustentada por um exército de servidores do Criador. Desde os Cristos que dirigem cada planeta, os trabalhadores mais próximos de cada governador planetário, quem cuida de determinado país, cidade, localidade, rua, quadra, os que se vinculam a determinadas instituições (templos, hospitais, escolas e organizações voltadas ao bem), até os que cuidam de um grupo de pessoas ou atendem prioritariamente um indivíduo, o chamado Espírito protetor.
Embora toda essa estrutura visando o progresso dos mundos e das pessoas, o auxílio dos benfeitores da humanidade obedecem a certos limites, a depender do merecimento e das necessidades de evolução de cada um.
Todos os Espíritos, individualidades imortais e perfectíveis, são criados por Deus simples e ignorantes, no sentido de não terem todo o conhecimento, com o propósito de atingir a perfeição, condição essa que permitirá fruir a felicidade e a paz permanentes.
Ocorre que a conquista dessa meta divina dependerá das escolhas e dos esforços de cada indivíduo. Aqui está a questão principal: os benfeitores espirituais respeitam as nossas escolhas e nada fazem do que nos compete de forma indelegável. Cada um terá que passar pelas experiências necessárias para adquirir a sabedoria e a moralidade, conquistar a ciência e o amor.
A influência que os Espíritos podem exercer sobre nós dependerá da sintonia e da afinidade que devemos manter com eles. Por isso a importância da prece, dos momentos de recolhimento e meditação, para que possamos ouvir, através dos sutis canais da intuição, os bons conselhos que nos são oferecidos.
No capítulo XXVI de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec informa que devemos esperar dos bons Espíritos apenas o que possa ser útil para a nossa evolução espiritual. Nesse quesito se enquadram as informações sobre o nosso passado ou futuro. Esclarece o item 290, questão 15ª que “estudando o vosso presente, podeis vós mesmos deduzir o vosso passado”, trazemos conosco os melhores recursos para que a encarnação seja exitosa. Tudo o que necessitamos saber nos será revelado, desde que façamos a nossa parte, trabalhando pelo progresso espiritual.
Embora possamos receber ajuda espiritual em relação às questões materiais, não devemos esperar dos Espíritos o que temos possibilidades de obter através do estudo, da oração e do trabalho. Pois, como escreveu Kardec, no item 290, questão 28ª, que “a ciência é obra do gênio; só pelo trabalho deve ser adquirida, pois só pelo trabalho é que o homem se adianta no seu caminho”.
Assim não podemos esperar que os amigos espirituais venham fazer o que nos compete na obra do aprimoramento individual e coletivo. Não farão nada que contrarie as leis divinas e naturais. Porém, esses obreiros do invisível, de forma anônima, operam verdadeiros prodígios, utilizando as mãos operosas dos que se dispõem a servir.
Nas ciências, na música, nas artes, na medicina, no magistério, na paternidade e maternidade, na agricultura, em todos os labores e em todas as áreas da economia da vida, onde estiverem dois ou mais reunidos com bons propósitos, contaremos com o concurso dos amigos espirituais que farão tudo o que for possível para ajudar a humanidade na instalação do reino de Deus na mente e no coração.
Cleto Brutes