Sir Arthur Conan Doyle, médico britânico, autor de um dos personagens mais conhecidos da literatura mundial Sherlock Holmes, após um ceticismo inicial, rendeu-se às evidencias e à lógica dos fatos, assumindo a condição de espírita, sendo a partir de então um dos seus mais entusiastas divulgadores. Escreveu duas importantes obras neste tema: A nova revelação e A história do Espiritismo, ambas editadas no Brasil pela Federação Espírita Brasileira.
Analisando o comportamento humano, Sir Conan Doyle afirmou que o homem assume duas posturas frente ao novo: em ciência, o novo geralmente supera o arcaico e assim, avançando, a ciência progride e liberta-se do erro; em religião ocorre o contrário, reverencia-se o antigo em detrimento do novo; quanto mais dogmática a religião, mais considerada ela se torna. Fatos narrados em forma alegórica, que hipoteticamente ocorreram há séculos, são aceitos de forma literal, sem contestações, sem questionamentos; acontecimentos reais, comprovados em pesquisas científicas idôneas, como a interferência dos Espíritos, a reencarnação, a mediunidade, são considerados fantasiosos e ilusórios.
Como a ciência, a religião deve avançar com o crescimento da inteligência da humanidade e não pode mais se permitir estagnar sob o risco de, ao não dar respostas satisfatórias às dúvidas mais comuns da vida, levar o indivíduo aos braços da descrença e do materialismo.
A Doutrina Espírita, com pouco mais de 150 anos, trouxe luz a muitos questionamentos científicos e religiosos que não tinham soluções. Respondeu também a muitas perguntas da filosofia, esclarecendo a nossa origem, natureza, destino e o porquê das diferenças entre os seres, não mais no âmbito da hipótese, mas da comprovação através da experiência e observação.
É importante destacar que no seu aspecto religioso o Espiritismo veio reafirmar os ensinamentos do Cristo, corroborando fielmente os preceitos morais de Jesus, aprofundando-os ainda mais. Esclarece através dos seus princípios (preexistência e sobrevivência da alma, pluralidade das existências, pluralidade dos mundos habitados, comunicação entre os desencarnados e encarnados, lei de Causa e Efeito, lei de Evolução) tudo aquilo que Jesus, por estar falando para uma civilização ainda não desenvolvida tanto no campo moral como intelectual, não pode concluir, de tal forma que ele prometeu enviar um novo Consolador quando a humanidade estivesse mais preparada e avançada (Jo, 14: 15 a 17 e 26) – (…) e eu rogarei ao meu Pai e Ele vos enviará outro Consolador a fim de que fique eternamente convosco (…). Porém o Consolador (…) vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.
A ciência quando avança, muda paradigmas para evoluir, não diminuindo as conquistas do passado, pois entende que todo conhecimento é uma construção de muitos esforços dos antigos; o Espiritismo, como um novo paradigma no conhecimento, surge com o objetivo de nortear a percepção e avaliação de problemas humanos relativos a sua existência atual e futura sob um novo prisma, sempre respeitando as religiões tradicionais.
Como todo novo paradigma, o Espiritismo enfrenta oposição e dificuldades na imprescindível renovação do pensamento, assim como Galileu, Darwin, Pasteur, Galvani e tantos outros também enfrentaram. Gradativamente, seus postulados vão sendo aceitos, tanto no meio científico como nos meios espiritualistas de todas as crenças porque são racionalmente incontestáveis. Hoje, grande parte da sociedade crê na reencarnação, na mediunidade, na vida na dimensão espiritual e também há muitos cientistas idôneos dedicando-se a interessantes estudos e pesquisas nesta área.
Como Jesus nos convidou a termos ‘olhos de ver e ouvidos de ouvir’, é necessário estudarmos com mais atenção as obras de Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, para entendermos a dinâmica da vida e da morte e, com sabedoria, decidirmos onde nos aproximamos mais da verdade. Viver o Fora da caridade não há salvação, ensinamento básico do Espiritismo, é viver com o Cristo, agora com a fé abalizada pela razão.
Luis Roberto Scholl