O Caminho da aceitação

Na trajetória ascendente do espírito, cujo destino é a correção no pensamento e nas atitudes, haverá ganhos e perdas que servirão como provas, testes, resgates, aprendizados inestimáveis.

A maneira como se reage a essas experiências é que denotam o limiar evolutivo espiritual de cada um. As perdas, muitas vezes, são fatores desequilibradores da harmonia incipiente do ser em desenvolvimento.

Frequentemente, a solução dos nossos mais difíceis problemas, das maiores perdas, reside em simplesmente encarar as coisas como elas são e aceitá-las.

“Certa vez, os pais de um adolescente receberam a dolorosa notícia de que ele ficaria cego e nada se podia fazer. Todos se apiedaram, mas eles se mantiveram calmos e não lamentaram. A fortaleza de ânimo desta família era algo admirável e muitos se perguntavam de onde vinha tanta força e coragem. O pai serenamente explicou: – Acho que podemos escolher entre três atitudes. Podemos amaldiçoar a vida, reclamar de Deus e expressar de alguma maneira nossa cólera. Podemos cerrar os dentes e suportá-la. E podemos aceitá-la. A primeira atitude é inútil e sem resultado prático. A segunda é estéril, extenuante e não resolve. A terceira é o único caminho.”

É o caminho da aceitação. Quando se aceita as perdas, entendendo-as como um processo pedagógico Divino, cria-se coragem para reagir positivamente frente à dificuldade. Na compreensão da lei de causa e efeito, aplicada à reencarnação, tem-se uma visão maior da justiça Divina que não privilegia nem castiga ninguém, mas simplesmente, auxilia na reparação dos erros, corrigindo rumos transviados.

Aceitação nada tem a ver com apatia. A apatia não consegue distinguir o que tem e o que não tem remédio. A aceitação faz essa distinção. A apatia paralisa a vontade de ação; a aceitação liberta-a para ultrapassar obstáculos de difícil transposição.

No caso desse jovem, após a natural tristeza inicial, os pais convenceram-no de que a vida poderia lhe ser útil e feliz apesar da escuridão. Estudando pelo método Braile, atingiu a universidade e tornou-se um exemplar cidadão e um excelente profissional. (“A minha desvantagem é a cegueira. Qual é a sua?”)

A vida nem sempre é como se gostaria que fosse, mas com certeza, ela é do jeito que cada um merece e necessita para o crescimento do espírito imortal. Em cada reencarnação aprende-se algo enobrecedor, quando se sabe aproveitar as oportunidades. Jesus, o Mestre dos mestres, anteviu as dificuldades quando afirmou que “no mundo tereis aflições”. Elas fazem parte da vida e das obrigações do indivíduo para o fortalecimento da fé que, aliada a razão, favorece o entendimento das dificuldades e sua superação.

“Ó Deus,

Dai-me força para mudar as coisas que precisam ser mudadas;

Coragem para aceitar as que não podem ser mudadas e

Sabedoria para distinguir uma da outra.”

 

Luis Roberto Scholl