Há algo que, talvez por ser tão comum e usado tão corriqueiramente, não se tenha percebido e compreendido o poder e o alcance que possui. Estamos nos referindo ao uso da FALA.
Quando o espírito, retornando à carne, começa a balbuciar as primeiras palavras, ele está retomando o contato mais direto com o mundo material e sentindo que ele pode pedir, reclamar, agradecer, mandar, compreendendo todo o poder da fala.
Sendo a palavra uma conquista do ser inteligente, fruto de um aprimoramento de milhões de anos, a simples transformação da expressão do pensamento na fala é algo que devemos questionar.
A palavra dita tem o poder de ferir, curar, desorientar, consolar, traumatizar ou conduzir para o bem. Após o ar sair dos pulmões, passar pelas cordas vocais e ser emitido como som, não há mais possibilidades de retorno no que iremos expressar. É como a flecha que, após ser lançada pelo arco, atinge o seu alvo.
Sabendo que somos espíritos ainda imperfeitos, com muitas falhas, mas que temos condições e responsabilidades na busca da felicidade e da perfeição, entendemos que nossa caminhada passa, necessariamente, pelo bom uso da palavra. Utilizar, então, esse poder dado por Deus aos homens para fazer o bem é nossa obrigação.
Começar agradecendo pelo dia maravilhoso que amanhece; transformar o dia do nosso familiar com expressões alegres e joviais; no trabalho, a fala amiga e ponderada, criando um clima equilibrado e fraterno, são compromissos constantes do ser humano.
O Espírito Miramez, no livro Horizontes da Fala (Psicografia de João Nunes Maia, Ed. Espírita Fonte Viva) nos recomenda: “(…) Fala com prudência, criando um ambiente de amizade onde estiverdes; fale com carinho, despertando interesse de esperança em quem te ouve; fala com alegria e doa àquele que te ouve algo que, por enquanto, desconheces e sentirás quanto é valioso esse esforço, porque, em primeiro lugar, serás o maior beneficiado”.
Não utilizemos o dom da fala para prejudicar, para caluniar, para diminuir o próximo ou para nos autovangloriar. “Não use do teu verbo para serviço que não edifica”. (Miramez).
Nós ainda temos, como costume, o mau uso da fala, mas o despertar da consciência nos alerta para a necessidade de modificações. Se nos sentirmos tentados a comentários desabonadores, a provocarmos a discórdia ou a falsidade, mantenhamo-nos em silêncio que, certamente nesse caso, falará mais alto, chegando ao Pai em forma de prece, demonstrando o esforço que estamos fazendo para conquistar a nossa melhora moral.
É importante diferenciar quem fala com otimismo e bom humor daquele que vive alienado ou fora da realidade. Quem usa bem o dom da fala, estimulando, alegrando, sabe que a vida traz problemas, mas os encara serenamente como oportunidades, como resgates, e entende que o pessimismo e o mau humor ou a agressividade só agravarão as suas dificuldades e as dos outros. Ao contrário do alienado, conhece a realidade e sabe como transformá-la com o auxílio da fala.
Luis R. Scholl