As árvores

  “À beira de um caminho muito árido havia uma frondosa árvore, plantada por um magistral Semeador. Galhos robustos, folhas verdejantes, frutos saborosos, raízes profundas. A bela árvore destoava do local, tão sem atrativos, onde se fixara.

Os viajantes, que ali passavam, tinham sempre uma boa área de descanso, alimento para a fome, alento para a caminhada, podendo levar sementes e frutos para semear em outros locais.

Alguns homens que viviam próximos à árvore e que tinham a missão de protegê-la, começaram a criticar alguns aspectos do sublime vegetal. Uns achavam que podando-a, cresceria mais rápido; outros preferiam adorná-la com peças de ouro e prata, tornando-a mais atrativa; alguns talharam no tronco, figuras, enfeites, adornos; também havia aqueles que recolhiam seus frutos em grande quantidade, não para distribuir, mas para acumulá-los, para vendê-los, vindo, a maior parte deles, apodrecer.

Pouco a pouco, a árvore foi desvanecendo, definhando, perdendo a força original pelas modificações efetuadas, não produzindo mais nem sombra, nem fruto, sendo uma pálida e remota lembrança do seu período primitivo.

Deus, compreendendo as imperfeições humanas, planejou uma nova semeadura. Uma nova árvore, ainda mais maravilhosa que a primeira.

Caberá novamente aos homens, cultivá-la, protegê-la, levar suas sementes e frutos aos lugares mais distantes, saciando os demais irmãos com a sombra da sabedoria e o fruto consolador. Sabiamente, não mais desejar adulterá-la com vaidades, orgulhos, egoísmos, para que não se repitam os mesmos erros já cometidos.”

A primeira árvore é o Cristianismo: saciou a fome com o fruto da verdade em terras tão áridas de Amor. Os apóstolos e os primeiros cristãos souberam bem honrar sua missão de cuidar e espalhar sementes dessa árvore.

Quando, porém, o homem institucionalizou a religião, ligando-a às coisas mundanas e ao poder temporal, o Cristianismo perdeu o seu caráter primitivo, tornando-se uma pálida amostra da mensagem do Mestre.

Cabe aos espíritas serem bons jardineiros. Distribuir os bons frutos, com os quais já saciaram a fome; e não permitir jamais adulterações, mutilações por interesses mesquinhos e materiais nesse manancial de esclarecimento e consolo que é a Doutrina Espírita.

 

Texto inspirado n’O Evangelho Segundo o Espiritismo
(cap.XVIII, item 16)