Reagimos de maneiras diferentes ao vivenciarmos dificuldades semelhantes. Uns sofremos mais, outros menos. Conforme o modo como encaramos a vida terrena, podemos suavizar ou aumentar o amargor de nossas provações.
À medida que vamos compreendendo as Leis Divinas, adotamos uma postura diferente em relação às dificuldades terrenas. No lugar de nos queixarmos, agradecemos a Deus os desafios que nos fazem avançar. Entendemos que as provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação.
Mas o que é ser resignado? Não podemos confundir resignação com acomodação. Quando fizemos tudo o que for possível para modificar uma situação e não conseguimos, então só nos resta esperar, confiando em Deus, até sermos merecedores, isso é resignação: estado da alma que tem o poder de diminuir o impacto do sofrimento.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (Cap. IX, item 7), encontramos a sábia recomendação “não vos aflijais, pois, quando sofrerdes”. O que significa que se nos afligimos ou nos revoltamos estamos adicionando sofrimento ao sofrimento. A revolta e o queixume em nada ajudam, ao contrário, só pioram a situação.
Quando o Cristo disse: “Bem-aventurados os aflitos, porque deles é o reino dos céus”, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofremos todos que nos encontramos neste planeta de provas e expiações. Ele se referiu àqueles que sabem sofrer, e saber sofrer é, antes de tudo, saber compreender e aceitar as provações.
No Livro “Jesus e o Evangelho à luz da Psicologia Profunda” Joanna de Ângelis nos alerta que é necessário que cada qual, efetivamente, leve a sua cruz imaginária de responsabilidade, porque quando nos inquietamos ante as dores físicas ou morais, exigindo a compreensão alheia e outros privilégios, estamos transferindo para outros ombros nossas obrigações e dores.
Portanto, em nossas preces roguemos o auxílio Divino, para que, quando as dificuldades baterem a nossa porta, possamos ter serenidade, equilíbrio e resignação, fazendo de cada vivência, de cada dificuldade, uma oportunidade de aprendizado e evolução, a fim de que possamos “bem sofrer”, transformando nossa cruz imaginária em asas de ascensão. Agindo assim estaremos permitindo que as dores deste mundo operem uma profunda transformação em nosso ser, eis que a libertação só se faz presente quando fazemos o reajustamento íntimo necessário.
“Não basta sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de paz”. (Vinha de Luz, espírito Emanuel, Psicografia de Chico Xavier , Editora FEB)
Cleto Brutes