Vivemos atualmente com excesso de compromissos e ao mesmo tempo convivendo com a necessidade de estarmos vigilantes e em defesa contra a exploração dos irresponsáveis, dos ociosos, dos viciados, daqueles que se comprazem na má fé. Como conseqüência, nos armamos com o individualismo e a insensibilidade, e como mecanismo de defesa, evitamos a piedade em favor dos nossos irmãos. Por isso, precisamos da compaixão para melhorar e aperfeiçoar nossos relacionamentos, já que o ser humano não consegue ser feliz sem o afeto, sem o carinho e a amizade.
A compaixão, esse sentimento que quanto mais se oferece aos outros mais se recebe, proporciona a base para a sobrevivência humana, sem ela falta uma peça essencial. Uma pessoa que tenha boa formação acadêmica, uma situação financeira bem resolvida, uma família sem problemas, que tenha muitos amigos, mas é indiferente diante dos sentimentos e do sofrimento alheio, por mais que aparente felicidade, esta felicidade é apenas de superfície. O que pode acontecer em relação a essa pessoa é que os laços com seus familiares e amigos é mais em relação ao sucesso, à prosperidade e ao poder do que com a pessoa em si.
O desenvolvimento da compaixão, também, tem um impacto positivo sobre a nossa saúde física e emocional. Pesquisas científicas realizadas demonstram que o trabalho, voluntário e regular, numa interação com os outros, com calor humano e compaixão, aumenta a expectativa de vida e a vitalidade geral, pois essa sensação de bem estar que proporciona, a ajuda aos outros, leva nosso organismo a melhorar e a fortalecer o seu sistema de defesa.
Desenvolvendo a compaixão, emocionalmente nos tornamos mais saudáveis e mais equilibrados nos nossos relacionamentos, com menos propensão a entrar em depressão e nos sentirmos estressados.
O sentimento da compaixão deve ser expresso primeiramente em relação a nós. Assim como o perdão e o amor devem ser primeiramente exercitados em nós, pois ninguém consegue dar o que não tem de si mesmo, necessitamos iniciar pelo desejo de nos libertarmos do sofrimento, tornando a compaixão um sentimento natural voltado para nós mesmos. A partir daí cultivá-lo, aprimorá-lo e ampliá-lo de forma que possamos aplicar aos outros. Primeiro com os nossos familiares, depois em relação aos nossos amigos e colegas de trabalho até chegarmos aos nossos inimigos, atingindo assim, a plenitude desse sentimento. Iniciemos pelo reconhecimento de que não queremos o sofrimento e de que temos o direito à felicidade. Após, devemos reconhecer que as outras pessoas, também assim desejam. Esse sentimento de igualdade entre os seres é a base para o desenvolvimento da compaixão.
Para desenvolver a compaixão é fundamental entender o sofrimento. Quanto mais compreendemos os vários tipos de sofrimentos aos quais estamos sujeitos, maior será nosso grau de compaixão. Nessa questão, a Doutrina Espírita nos esclarece com mais amplitude o sentido da dor, das aflições, nos ensinando que a dor não é uma punição ou um castigo Divino; que nem sempre estamos sofrendo em razão de algo errado que tenhamos feito. Algumas vezes são provas por nós escolhidas, visando ativar o nosso progresso espiritual.
Promovendo a empatia, estamos desenvolvendo a compaixão. Quando nos imaginamos na situação do outro, vamos aprendendo a empatia, que é essa capacidade de ver as coisas e os problemas sob a ótica e as perspectivas dos outros. Muitos de nós, quando acontece algo de ruim para os outros, ficamos pensando que isso poderia ter acontecido conosco. Isso é empatia. Essa capacidade de colocar-se no lugar do outro nos leva a reforçar a nossa compaixão.
Quando olhamos para o nosso semelhante, procurando ver nele principalmente e primeiramente os seus defeitos e os seus erros, estamos nos armando contra ele e não vamos conseguir sentir compaixão. Porém, se apesar dos seus erros e defeitos, procurarmos ver nele aspectos positivos e, de forma benevolente e indulgente buscarmos, também, atenuantes para seus tropeços, para suas falhas, o sentimento de compaixão tornar-se-á mais fluente e mais natural.