Estava sendo anunciado para breve, na costa norte-americana, onde é muito comum, um novo e violento furacão. À medida que a tempestade se aproximava, Blair, então com 8 anos, ia ficando cada vez mais assustado. Após um grande estouro, faltou energia elétrica e o menino, no escuro, começou a soluçar e chorar baixinho:
– É melhor você ficar calmo, disse-lhe a mamãe, procurando aparentar tranqüilidade. Afinal de contas, não podemos fazer nada a respeito do furacão.
Entre soluços, Blair respondeu:
– Eu sei, mamãe, que não podemos fazer nada a respeito dele. Mas não haverá alguma coisa que nós podemos fazer a nosso respeito?
O que podemos fazer a nosso respeito? Onde encontrar qualidades que nos livrem do pânico, do medo, do desespero frente aos “furacões” que surgem em nossa vida?
A morte que se avizinha, sem estarmos preparados; a ausência do ente querido que partiu; a perda do emprego; a doença insistente; o filho envolvido com as drogas ou na marginalidade; a crise conjugal; a sensação de impotência, de que tudo acabou… Como adquirir coragem para enfrentar as tempestades?
Segundo Platão “coragem é sabedoria em relação ao perigo”. Ela não é bravura ou insensatez frente ao tormento, mas sim uma reação sadia e sensata no seu enfrentamento.
Para adquirir coragem precisamos de princípios, uma crença absoluta na vida imortal, uma fé inabalável que possibilite encarar os atropelos da vida com calma e fortaleza de ânimo.
Como arranjar um princípio bastante forte para dar-nos a coragem necessária?
A fé em Deus, Ser Supremo justo e bondoso, que não castiga nem condena nenhum de seus filhos à infelicidade eterna, oportunizando a reencarnação como forma de reencontros e resgates; o entendimento de que as dificuldades e as dores são o resultado de suas más escolhas por estar no início da caminhada que o levará a perfeição; a fé nos espíritos benfeitores (seres que já atingiram, por seus próprios méritos, níveis evolutivos superiores) que auxiliam a agir no bem; a prece confiante; tudo isso fortalece o coração, dando ânimo e coragem ao espírito para enfrentar as vicissitudes e viver triunfalmente.
Não são as grandes ocasiões que fazem heróis ou covardes, elas simplesmente desvendam nosso interior e mostram o que nos tornamos até então e o que poderemos ser a partir daí.
A coragem é feita de perseverança, de perspectiva no futuro, de princípios e de uma crença indestrutível que, a exemplo dos primeiros mártires cristãos, enfrentavam a arena dos leões, a morte certa e dolorosa, sem chorar ou blasfemar, mas cantando hinos de louvor à Deus e ao Cristo, com a certeza absoluta da vida eterna e das verdades ensinadas pelo Mestre: isso lhes dava a serenidade e a resignação necessárias (coragem) para vencerem o medo, transformando-o em alavanca para a ascensão espiritual.
Temores, ansiedades, perigos, tristezas e dores ainda fazem parte da nossa vida. Não podem, na maioria das vezes, ser evitados. Mas pode-se, de momento em momento, de situação em situação, fortalecer-se com uma fé tão forte, que associada à razão, proporcionará a coragem necessária para enfrentar os tormentos e viver triunfalmente.
Roberto Scholl