Ter ciência de alguma coisa é estar informado, é ter estudado sobre ela ou, dependendo do grau de entendimento, estar sabedor do que implica este conhecimento.
Estar consciente de uma lei, de uma teoria é, além de entendê-la, agir de acordo com esta ciência, esta informação.
As palavras dizem muito. Por exemplo: comadre (com + madre = com a mãe) indica alguém que anda ao lado da mãe, que pensa e age como ela agiria na sua falta. Compadre é o mesmo em relação ao pai. Consciência (com + ciência) lembra a pessoa que age de acordo com a sua ciência, seu entendimento e sabedoria.
Nem sempre é assim que ocorre. O comerciante inescrupuloso, ao enganar o freguês, ao adulterar os impostos, ao ludibriar a sociedade age assim não por não estar ciente das leis, mas por agir sem consciência, ou seja, em desacordo com a sua própria razão e entendimento do que é correto.
Estar consciente de Deus é operar sabendo de sua existência. Saber quem é Deus não é tarefa para a humanidade imperfeita, mas, compreender que é Deus está ao nosso alcance1: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
Os sábios da espiritualidade recomendam estudar os atributos de Deus como forma de O entendermos, apesar das nossas limitações. Por desconhecer esse preceito muitos filósofos, pensadores e religiosos perderam-se em teorias esdrúxulas, dogmas, mistérios indecifráveis e procuraram provar, em alguns casos não só a inexistência de Deus, como também apresentaram um Deus colérico, parcial e vingativo.
Os atributos necessários para Sua compreensão são2:
* Suprema e soberana inteligência: Deus abrange o infinito e sua inteligência é infinita. Se fosse limitada em qualquer ponto, teríamos que conceber um outro ser mais inteligente e este seria então, Deus.
* Eterno: não tem começo e não tem fim. Se tivesse começo, algo ou alguém O havia feito surgir e este algo seria Deus.
* Imutável: se estivesse sujeito a mudanças, o Universo e Suas leis não teriam qualquer estabilidade.
* Imaterial: Sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. Se fosse matéria não seria imutável e, conseqüentemente, nada teria estabilidade.
* Onipotente: é o poder supremo. Ninguém é superior a Ele em coisa alguma.
* Soberanamente justo e bom: tudo o que emana Dele é justo e bom. Todas as Suas leis tendem à justiça e bondade. Como conseqüência, tudo o que acontece às suas criaturas está dentro de uma lei, é perfeitamente justo e caminha para o bem de todos.
* Infinitamente perfeito: não é possível conceber Deus sem este atributo – grau de perfeição absoluta. Ele demonstra a Sua grandeza pela perfeição de Suas obras.
* Único: a infinidade de Suas atribuições leva ao entendimento que é único. Se houvesse outros deuses não haveria harmonia. Deus só é Deus sob a condição de não ser ultrapassado ou igualado por nenhum outro ser em qualquer quesito.2
A existência de Deus é comprovada não só pelas revelações dos profetas, mas também pela existência material dos fatos3: “Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra dos homens e a vossa razão responderá”.
Esses atributos só são aceitáveis quando vistos à luz dos princípios de reencarnação e lei de causa e efeito, esclarecidos pela Doutrina Espírita. Sem esses conceitos, que quando estudados atendem a nossa lógica e razão, dificilmente compreenderíamos Deus.
Estar ciente disso e agir de acordo não é apenas sinal de inteligência, mas de sabedoria.
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Luis Roberto Scholl
1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 84.ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003. questão 1
2______. A Gênese. 19.ed. Araras,SP: IDE,1999. cap II
3______. O Livro dos Espíritos. questão 4.