As crianças são Espíritos que Deus envia para uma nova existência terrena, como uma conseqüência natural do processo de evolução. São seres milenares, com uma extensa trajetória de reencarnações, que reingressam em núcleos familiares simpáticos ou não, por afinidades ou necessidades, como expiação, prova, resgate ou missão, tendo como objetivo o aprendizado de virtudes e a superação das imperfeições.
Mesmo que o Espírito que habita um corpo infantil seja ainda ignorante no bem, Deus permite que, na infância, se apresente com a aparência de inocência e que seus defeitos mais graves fiquem momentaneamente encobertos pela inconsciência de seus atos.
Esse aspecto providencial de pureza e dependência não significa uma superioridade autêntica do Espírito, mas é uma forma permitida por Deus para estimular os pais a darem toda a atenção e dedicação necessárias à criança, auxiliando-a no seu desenvolvimento intelecto-físico-moral. Se ela não se apresentasse sob esta forma meiga e delicada, tornar-se-ia mais difícil a missão educadora dos pais e responsáveis, no forjamento de um caráter mais nobre e digno.
Com o tempo a criança torna-se mais independente, adquire mais domínio sobre si e passa a ter mais consciência de seus atos e pensamentos, diminuindo a interferência dos adultos na sua formação. Em torno dos 15 anos, o Espírito vai gradativamente assumindo a sua individualidade, revelando seu caráter real em todas as suas nuances: se permanece bom é porque já é um Espírito fundamentalmente bom; se volta às fraquezas morais, é porque é um Espírito portador de muitas imperfeições. É nesta fase que o processo educacional da infância mostra seus resultados: se os pais lhe deram uma boa formação moral e o filho agregou estes conceitos para sua vida, ele tirou proveito do bom lar que teve; se não aprendeu com o bom exemplo dos pais, torna-se o maior responsável pelas próprias escolhas. Cabe aos pais não se permitirem dar maus exemplos para não serem responsabilizados como negligentes ou relapsos por sua própria consciência. Se observarmos bem, as crianças, desde muito cedo, demonstram suas tendências negativas, servindo de alerta para os pais identificarem quais são as imperfeições que merecem mais atenção e que devem ser modificadas no filho.
A infância é útil porque os Espíritos, ao reentrarem na vida corpórea, frágeis e flexíveis, se tornam mais acessíveis aos conselhos e às experiências daqueles que tem o encargo de encaminhá-los ao progresso. É nesse momento que seu caráter pode ser reformado, combatendo suas más inclinações e fortalecendo suas virtudes. É a sagrada missão que Deus concede aos pais e responsáveis.
A infância não é só útil, mas extremamente necessária e indispensável, pois sem esse período, as chances de uma reencarnação redentora e de desenvolvimento espiritual seriam muito menores.
Luis Roberto Scholl