Do início dos tempos aos dias atuais, as sociedades têm convivido com as carências humanas, sejam elas no campo material ou espiritual; mas sempre existiram pessoas dispostas a diminuir essas carências. Atualmente, um número cada vez maior de pessoas estão interessadas e envolvidas no amparo aos mais necessitados, sendo esse um sinal de que a humanidade tem buscado diminuir as diferenças sociais.
Em “O Livro dos Espíritos”, questão 886, Allan Kardec pergunta aos espíritos: “Qual é o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?” A que os espíritos respondem: “Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.” Caridade, então, não é dar esmolas, mas promover o ser humano, dando-lhe condições para uma vida digna. As doações materiais são necessárias diante da situação sócio-econômica em que se encontram, mas depois de alimentado e vestido o corpo material, que é transitório, é preciso também propiciar as condições necessárias ao seu crescimento espiritual, pois, através do conhecimento da lei de causa e efeito, o indivíduo entende a sua atual situação e a possibilidade de um amanhã melhor, dependendo do seu hoje.
Para que o serviço de assistência social passe a ser também um trabalho de promoção social é preciso educar assistentes e assistidos. Aos assistentes cabe a conscientização de que não basta a doação material, é igualmente importante envolver-se, para que o assistido busque dentro de si os seus valores positivos, recuperando assim a sua auto-estima, que é indispensável para buscar uma qualificação profissional, sem a qual não conseguirá suprir suas necessidades materiais. O envolvimento com as pessoas assistidas exige um entendimento maior da real finalidade deste trabalho, porque é necessário traçar metas e objetivos a serem alcançados, sem os quais poderá ocorrer acomodação por parte do assistido que, não sendo incentivado a buscar sua melhora material e espiritual, continuará na mendicância.
Todo aquele que deseja se integrar ao trabalho de assistência e promoção social deve ter consciência de que essa será uma tarefa de muita perseverança, com resultados nem sempre imediatos. É preciso plantar as sementes da esperança nos corações carentes material e espiritualmente, para que em um futuro, não muito distante, não mais existam pessoas assistidas e sim que todos convivam, trocando experiências, com o objetivo de se ajudarem mutuamente, tal como irmãos. Que o “amai-vos uns aos outros” do Cristo seja realmente uma prática.