O Espiritismo ensina, e a razão confirma, que cada um é um Espírito imortal, com inúmeras reencarnações, cujo princípio – simples e ignorante – foi o mesmo, mas que, a partir dali, as experiências, as escolhas e, principalmente, a vontade, denotam o caminho de cada ser, produzindo a sua própria individualidade.
Esta individualidade, a identidade do Espírito, indica as marcas da Alma de cada ser, as aquisições morais, as imperfeições a serem trabalhadas, as conquistas intelectuais, a formação do caráter. André Luiz¹ usa o termotempo de evolução para caracterizar aquilo que a vida já lhe deu e, tempo de esforço pessoal na construção do destino, aquilo que ele próprio já deu à vida, constituindo, assim, o patrimônio do Espírito. Semelhante ao corpo, que possui as digitais e outras marcas que o identificam, a Alma apresenta seus matizes que implicam na singularidade de cada pessoa – a assinatura espiritual – que demonstra a importância de cada indivíduo perante Deus, o próximo e a vida.
Identificar-se com sua autobiografia, vivendo a própria história, é compromisso assumido na espiritualidade, antes do retorno à matéria, esquecido por alguns que procuram viver a história (sonhos) do outro, vivendo por imitação, olvidando a importância de que, na orquestra da vida, todos os instrumentos devem ser bem executados e o seu comprometimento é especializar-se no seu instrumento, ou seja, cumprir a sua missão, o que não impede o indivíduo de buscar exemplos positivos no objetivo de estimular sua trajetória.
Acreditar nas suas potencialidades, nos seus projetos mais nobres depende de um rigoroso autoconhecimento. Quando alguém busca ser íntimo de si mesmo, procura conhecer a própria singularidade; quando se é íntimo do outro, esta singularidade é compartilhada.
Viver em profundidade as marcas da alma, ser você mesmo em todas as esferas da vida é o caminho para a renovação moral imprescindível. Perante os desafios da vida, assumir com responsabilidade, não superficializando os enfrentamentos ou fugindo das dificuldades – atitudes que demonstram imaturidade espiritual.
Assim como se traz as marcas da alma (resultados das experiências reencarnatórias), durante a existência terrena, adquirem-se novas marcas na alma que passarão a fazer parte da bagagem espiritual. Não se passa por ninguém, nem ninguém passa pelo outro sem deixar sua marca. Algumas são mais profundas, outras mais sutis, mas, de qualquer forma, ninguém fica imperceptível na história do outro. Assim vai se construindo a individualidade espiritual: adquirindo valores, resgatando débitos, evoluindo.
Tomar consciência disso induz o indivíduo a reconhecer que o outro também é possuidor de suas próprias marcas, com erros e acertos, virtudes e defeitos, o que o leva a ter uma postura mais tolerante e compreensiva, menos exigente e mais amorosa.
Assim, frente às escolhas que se tem que fazer, haverá uma acentuada transformação, pois a vida, sendo um processo de aprendizado contínuo, dificilmente serão tomadas decisões que possam prejudicar ao próximo ou a si mesmo, deixando no mundo as melhores marcas possíveis.
Luis Roberto Scholl
¹XAVIER, Francisco; VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 23 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. p.25