De todas as experiências que passamos aqui na Terra, a morte dos entes queridos se situa entre as mais difíceis. A dor da perda sempre será muito forte. Isso é inevitável.
A Doutrina Espírita, o Consolador Prometido por Jesus, oferece um conjunto de informações que ajudam a vivenciar esta situação.
Em primeiro lugar, mostra que a morte não mata a vida, não elimina o ser. Com a morte deixamos apenas o envoltório mais grosseiro, o corpo físico. Continuaremos, depois desta experiência, tal qual nos fizemos aqui: pensando, sentindo, agindo e interagindo com os demais seres encarnados e desencarnados.
Na outra dimensão da vida o desencarnado terá a vida, as experiências e as companhias que mereceu, de acordo com as construções edificadas nas múltiplas encarnações, posto que esta não foi a primeira e nem será a última encarnação. Os Espíritos que transitam pelo planeta Terra são viajores de longo trajeto que trazem, na sua bagagem evolutiva, muitas experiências, mas ainda estão distanciados da meta final que é a perfeição. Por isso as provas e os sofrimentos ainda são necessários.
A morte também não rompe com os laços de afeto que construímos aqui. O ente querido, que partiu para a dimensão espiritual, continuará nos amando, tanto quanto nos amou aqui na Terra. Com uma vantagem, livre das ilusões terrenas e dos sentimentos menos nobres, se for um Espírito consciente da sua condição. E fará tudo o que estiver ao seu alcance, dentro das Leis que regem a vida, para nos ajudar.
É necessário lembrar que essa separação é apenas física e momentânea. Durante o sono muitas vezes, embora não lembremos disso, nos encontramos com eles, os consolamos e somos consolados. Terminada a experiência na vida física, todos retornarão ao mundo espiritual e lá estarão em contato com os que lhe são simpáticos e tenham afinidade moral.
Por isso, não há razão para o desespero, nem a revolta. Essa a pior atitude. O nosso desequilíbrio afetará o desencarnado que está tentando se adaptar na dimensão extra-física. Sanson1, Espírito, nos orienta que em vez de vos queixardes, regozijai-vos quando praz a Deus retirar deste vale de misérias um de seus filhos. Não será egoístico desejardes que ele aí continuasse para sofrer convosco? Ah! essa dor se concebe naquele que carece de fé e que vê na morte uma separação eterna.
Devemos orar por eles, buscar no trabalho que está ao nosso alcance a terapia benéfica que nos auxiliará a superar a dor da saudade. Os amigos Espirituais2 também esclarecem que as preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não objetivam, unicamente, dar-lhes um testemunho de simpatia: também têm por efeito auxiliar-lhes o desprendimento e, desse modo, abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes mais calmo o despertar. (…) As preces que deste se elevam ressoam em torno do Espírito, cujas ideias ainda estão confusas, como as vozes amigas que nos fazem despertar do sono.
Fazer por eles o bem que gostariam de ter feito é a melhor homenagem que podemos prestar aos que partiram.
Vivendo bem, com otimismo e alegria, aproveitando o tempo que nos resta nesta encarnação, para aprender, servir e amar vamos estar nos habilitando ao merecimento de ter na nossa partida a presença daqueles que nos foram caros, que nos sustentarão nesse trânsito e nos ajudarão nos primeiros passos da nova vida.
Cleto Brutes
1 e 2KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 112. ed. Rio [de Janeiro]:FEB, 1996. cap. V. Item 21. cap.XXVIII. item 59.