Contesta-se, freqüentemente, o preceito de que a humanidade está evoluindo. Os argumentos estão baseados nos alarmantes índices de violência, de corrupção, no império das tiranias e do individualismo que acometem a nossa sociedade. Estes, os que costumam ter uma visão pessimista da vida, afirmam que o bem jamais sobrepujará na vida humana.
Para enfraquecer esses argumentos devemos refletir com uma visão mais abrangente sobre o passado e perceber que os costumes e, por conseguinte, as instituições sociais de hoje são muito mais valorosas do que eram, por exemplo, na Idade Média. Há pouco mais de cem anos, a escravidão dos negros era, além de legal, moralmente aceita por quase todos em nosso país.
Assim como a humanidade evoluiu até aqui, certamente continuará progredindo até atingir um estado de fraternidade e moralidade.
O reino do bem e da justiça se instalará quando os homens de bem estiverem em maior quantidade ou com mais ousadia em relação aos homens moralmente inferiores.
Essa trajetória já está acontecendo no próprio homem, nas suas várias reencarnações e nas conquistas individuais do Ser.
Allan Kardec1 afirma que “(…) os bons, na Terra, não são absolutamente tão raros como se julga; os maus são numerosos, é infelizmente verdade; o que, porém, faz com que pareçam eles ainda mais numerosos é que tem mais audácia e sentem que essa audácia lhes é indispensável ao bom êxito. De tal modo, entretanto, compreendem a preponderância do bem, que, não podendo praticá-lo, com ele se mascaram.”
Continua o mestre francês: “Os bons, ao contrário, não fazem alarde de suas boas qualidades; não se põem em evidência, donde parecem tão pouco numerosos. Pesquisai, no entanto, os atos íntimos praticados sem ostentação e, em todas as camadas sociais, deparareis com criaturas de natureza boa e leal em número bastante a vos tranqüilizar o coração, de maneira a não desesperardes da Humanidade”.
Os vícios, os crimes, a corrupção vão gradualmente se transformando em exceções no meio dos povos. O orgulho e o egoísmo vão lentamente sendo substituídos pela caridade e altruísmo. O progresso completo é a meta, mas tanto os povos como os indivíduos irão alcançá-lo passo a passo. Na lei de solidariedade os mais avançados servem de estímulo ou auxiliam, pelo exemplo, no progresso dos outros.
O Espiritismo possui o preponderante papel de auxiliar na transformação da sociedade. Aliando a lógica e a razão, convida o homem a refletir sobre o seu papel na vida, seus atos e suas conseqüências, assumindo assim a autoria de sua própria história.
1KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 25.ed. Rio [de Janeiro]: Ed. FEB, 1990, p.243.