A Família em Crise: O Que Está Faltando?

Como vivemos num plano classificado, na hierarquia dos mundos, como de provas e expiações, as crises e as dificuldades fazem parte do aprendizado dos Espíritos, que por aqui estagiam. Renascemos em um lar, para que nesse laboratório divino, através de experiências e vivências, aprendamos a enfrentar e vencer os desafios existenciais.

Os desajustes nos lares acontecem, muitas vezes, por falta de pequenos gestos e atitudes dos pais para com os filhos, entre os cônjuges, entre os irmãos e dos filhos para como os pais.

Assim, para um bom relacionamento familiar não pode faltar o RESPEITO às individualidades e às características de cada um. O respeito aos sonhos dos outros familiares, sem a transferência de desejos não realizados e sem esperar que eles acertem onde erramos.

DIÁLOGO deve ser uma prática constante na família e principalmente entre os cônjuges. Sem diálogo não há entendimento, não há harmonia. O diálogo com os filhos deve começar já na concepção, pois muito antes do princípio da vida orgânica, também já se iniciou, através do perispírito, a ligação espiritual do ser que está sendo gerado. Deve estar presente na infância, quando devemos descer ao nível de entendimento das crianças, na adolescência, levando-se em consideração todas as dificuldades e conflitos que surgirem.

Deve existir LIBERDADE, mas concedida proporcionalmente à maturidade e à responsabilidade de cada filho. Aliás, mais do que uma concessão, deve ser uma conquista dos filhos. Quanto mais maduros e responsáveis, mais liberdade recebem.

Não pode faltar VIGILÂNCIA. É de fundamental importância que os pais acompanhem de perto os filhos, suas preocupações, orientando-os nas escolhas das amizades e ocupações.

DISCIPLINA é essencial para um relacionamento harmônico. A vida nos impõe disciplinas naturais. Quando nos descuidamos do nosso corpo, cometendo excessos, as enfermidades aparecem. A função da disciplina doméstica é despertar na criança e nos jovens a autodisciplina e o autocontrole, para que possam ter relacionamentos equilibrados e consigam vencer os desafios que a vida impõe. O castigo, se necessário, objetiva disciplinar, não deve ser usado como meio de vingança e sem reforçar as coisas negativas. Quando chamamos as crianças de burras, de tolas, de fracas, de medrosas, com o tempo elas vão passar a acreditar que realmente são. E quando tiverem que fazer as suas escolhas, vão sentir-se inseguras e incapazes. A crítica deve ser direcionada ao fato e não à pessoa. Quando dirigida à pessoa, estamos ofendendo e humilhando; nunca corrigindo e disciplinando.

PACIÊNCIA e a TOLERÂNCIA são fundamentais na educação dos filhos e no relacionamento familiar, pois todos temos imperfeições e dificuldades a vencer.

Algo que nunca pode faltar na família é o EXEMPLO NO BEM. Como querer que os filhos nos respeitem, respeitem os irmãos, os colegas e as visitas, se não os respeitamos? Querer que eles não se agridam, se no primeiro erro que eles cometem, nós os agredimos. Ensinar que não devem mentir, e na primeira visita indesejável, os mandamos dizer que não estamos em casa?

Como querer que tenham fé e esperança na vida, se a todo instante, nos lamentamos de fatos corriqueiros, nos desesperando diante de pequenas coisas, sendo pessimistas em relação a tudo? Como querer que não assistam programas violentos ou imorais, se esses são os nossos preferidos? Como querer que tenham paciência quando nós somos impacientes diante deles? Como exigir disciplina, se somos indisciplinados com as nossas obrigações e nossos deveres? Querer que eles reconheçam seus erros, se nós não admitimos os nossos equívocos? Pelo contrário, buscamos justificativas e culpados para as coisas ruins que nos acontecem.

Para vencer as crises domésticas sigamos o modelo exemplificado por Jesus, que nos ensinou a sermos pacientes, mansos e humildes de coração, a amar o nosso próximo, a perdoar e a sermos misericordiosos até com nossos inimigos. Ele também nos ensinou a buscar sempre a justiça, por mais que fôssemos por isso perseguidos, a honrar o nosso pai e a nossa mãe, a vigiar e orar, a buscar em Deus o consolo para nossas aflições e a praticar a caridade.

Assim, quando pais e filhos conseguirem se aproximar desse modelo deixado por Jesus, com certeza, o lar será muito melhor, mais harmonizado, e quando as provações baterem à porta terão mais equilíbrio para superá-las e vencê-las.

 

Cleto Brutes