Jesus foi o grande propagador da oração, seja através do exemplo ou das suas pregações, inclusive legando um modelo de oração, o Pai Nosso, que resume todos os nossos deveres perante Deus, o próximo e a nós mesmos.
Mas será que tudo o que pedimos através da prece nos será dado? E quando as respostas dos pedidos que formulamos não chegam?
Há os que pensam que Deus sabe das nossas necessidades, conhecedor que é do íntimo das almas. Outros acreditam que estamos submetidos a Leis imutáveis e que por isso a oração não produziria resultados.
Para responder estas questões e outras que poderiam ser formuladas, primeiramente será necessário entendermos o sentido da vida. Por que estamos vivendo esta experiência na Terra? Como se processa o antes e o depois desta encarnação?
Vivemos hoje, apenas mais uma etapa da evolução espiritual. Já vivemos antes e continuaremos a viver após a morte biológica. Fomos criados de forma simples e em estado de ignorância, por falta do aprendizado que somente a vida oferece. Ao longo dessa longa jornada fomos fazendo escolhas que resultaram em consequências, positivas ou não.
O momento presente é o resultado dos nossos esforços e de como utilizamos os talentos, do tempo e dos recursos que recebemos. Deus não lhe outorgou a razão e a inteligência, para que ele as deixasse sem serventia; a vontade, para não querer; a atividade, para ficar inativo. Sendo livre o homem de agir num sentido ou noutro, seus atos lhe acarretam, e aos demais, consequências subordinadas ao que ele faz ou não. 1
As Leis divinas são realmente imutáveis e autoaplicáveis, mas sempre haverá espaço para a misericórdia divina, pois a justiça de Deus é corretiva e educativa. Assim, receberemos tudo o que realmente necessitamos dentro dos nossos méritos e das nossas necessidades evolutivas, onde estão inclusas as provações. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses. Em geral, o homem apenas vê o presente; ora, se o sofrimento é de utilidade para a sua felicidade futura, Deus o deixará sofrer, como o cirurgião deixa que o doente sofra as dores de uma operação que lhe trará a cura.2
Então precisamos perguntar como nos será concedido o que pedirmos? É em O Evangelho que encontramos a resposta: O que Deus lhe concederá sempre, se ele o pedir com confiança, é a coragem, a paciência, a resignação. Também lhe concederá os meios de se tirar por si mesmo das dificuldades, mediante ideias que fará lhe sugiram os bons Espíritos, deixando-lhe dessa forma o mérito da ação.3
A prece, normalmente não altera os acontecimentos exteriores que devemos passar, mas nos modifica por dentro, tornando-nos mais fortes e em melhores condições para ultrapassar os obstáculos que a vida amorosamente nos oferece para nos tornamos mais humanos, humildes, laboriosos e caridosos.
Façamos da prece um hábito diário e assim nos sentiremos mais seguros, otimistas e alegres e a vida será um fardo leve e suave, conforme ensina Jesus.
Cleto Brutes
1 a 3KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. cap. XXVII. itens 6-8.