O ser humano, ainda muito falho nas suas observações e nas suas conclusões, costuma buscar desculpas e justificativas para seus erros e tropeços, sempre fora de si. Uma das alegações que ouvimos com frequência é que a carne é fraca e em razão disso estaríamos propensos a falhar nas nossas ações.
Para esclarecer essa questão, nos socorremos de alguns trechos do texto escrito no Capítulo VII do Livro “O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo” (Edição para Internet da FEB), o qual nos mostra que nosso corpo físico apenas reflete a influência do nosso espírito. Vejamos:
“O Espírito é o artista do próprio corpo, por ele talhado, por assim dizer, à feição das suas necessidades e à manifestação das suas tendências.
Dessa forma a perfeição corporal das raças adiantadas deixa de ser produto de criações distintas para ser o resultado do trabalho espiritual, que aperfeiçoa o invólucro material à medida que as faculdades aumentam.
Escusar-se de seus erros por fraqueza da carne não passa de sofisma para escapar a responsabilidades.
A carne só é fraca porque o Espírito é fraco, o que inverte a questão, deixando àquele a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, destituída de pensamento e vontade, não pode prevalecer, jamais, sobre o Espírito, que é o ser pensante e de vontade própria.
O Espírito é quem dá à carne as qualidades correspondentes ao seu instinto, tal como o artista que imprime à obra material o cunho do seu gênio. Libertado dos instintos da bestialidade, elabora um corpo que não é mais um tirano de sua aspiração, para espiritualidade do seu ser, e é quando o homem passa a comer para viver e não mais vive para comer.
A responsabilidade moral dos atos da vida fica, portanto, intacta; mas a razão nos diz que as consequências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito. Assim, quanto mais esclarecido for este, menos desculpável se torna, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto.
Essa lei explica o insucesso da Medicina em certos casos. Desde que o temperamento é um efeito e não uma causa, todo o esforço para modificá-lo se nulifica ante as disposições morais do Espírito, opondo-lhe uma resistência inconsciente que neutraliza a ação terapêutica. Por conseguinte, sobre a causa primordial é que se deve atuar”.