Uma grande parte das ações são simplesmente reações. É comum esperar que aconteça algo para então atuar, deixando que os outros dominem e determinem a maneira que se deve ser e viver.
“Um homem adquirira o hábito de comprar diariamente seu jornal no mesmo local porque lhe era mais conveniente. Apesar do mau humor constante do jornaleiro, ele sempre agia de maneira gentil e cordial. Certa vez, levou um amigo e este se admirou de sua camaradagem, não obstante o sinistro temperamento do vendedor. Perguntou-lhe por que ainda continuava comprando o jornal na mesma banca e, além disso, tratava-o com afetuosidade, apesar das rabugices constantes do homem.
– Por que vou permitir que outra pessoa diga o que devo fazer ou como agir? – respondeu-lhe o amigo. Sou eu que determino a minha maneira de ser. Se eu o tratar com descortesia ou não mais vir a este local, só porque ele age assim, estarei dando um poder grandioso a este homem, deixando que ele defina como me comportar e aonde ir. Estarei reagindo e não agindo. Eu venho até aqui e o trato educadamente porque assim eu decidi.”
O indivíduo que já adquiriu consciência da sublimidade da existência, da importância do trabalho edificante e do estudo nobre, busca agir em conformidade com as leis morais, ajustando-se à conduta cristã. Procura deixar de reagir porque compreende que a perturbação do próximo possui causas que não lhe cabe julgar ou propagar. Sente-se em condição de agir de acordo com sua própria vontade, atenuando dificuldades de terceiros que encontre pelo cominho.
A sua postura decorre de uma reação interna, consciente e positiva e não por atitudes causadas por outrem. Ele não se sente ofendido quando atacado, nem magoado quando agredido, mas sim benevolente por compreender as situações de uma postura mais elevada, sem esnobismos.
No cotidiano é corriqueiro reagir ao mau humor com mau humor; à agressão com agressividade; à ofensa com violência. Há uma receita de saúde emocional equilibrada que lembra a máxima do Cristo “dar a outra face¹” ou “pagar o mal com o bem”: ao mau humor, mostrar a face da cordialidade; ao agressor, apresentar a face do carinho; ao ofensor, indicar o caminho do perdão.
Não é fácil, mas é importante começar este processo de melhora nos relacionamentos humanos. Assumir o comando da própria vida, agindo com consciência da lei de causa e efeito, não reagindo por impulso, é esforçar-se para utilizar toda a capacidade intelectual e de amar.
Luis Roberto Scholl
1 Mt, 5: 38 a 42.