Para responder essa questão temos que nos socorrer do Livro dos Médiuns, obra essa baseada em experiências que o próprio Allan Kardec presenciou nas comunicações com os espíritos de todas as classes e nas preciosas instruções recebidas dos espíritos superiores.
Na obra referida encontramos o seguinte esclarecimento: “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos”. *
Todos os homens têm um Espírito que os dirige para o bem, quando sabem escutá-lo. A voz íntima que fala ao coração é a dos bons Espíritos e é deste ponto de vista que todos os homens são médiuns.
No entanto, usualmente, somente se qualificam como médiuns aqueles em quem as faculdades mediúnicas se mostram mais ostensivas, quer seja através da vidência, da audição ou da psicografia.
O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Sócrates era dirigido por um espírito que lhe inspirava os admiráveis princípios da sua filosofia. Todos os povos tiveram seus médiuns e as inspirações de Joana d’Arc não eram mais do que vozes de espíritos benfazejos que a dirigiam.
Em quase todas as religiões encontramos seguidores que são médiuns, mas alheios aos postulados espíritas.
A mediunidade, não estando sujeita a doutrinas ou religiões, não é um privilégio dos espíritas. Ela é inerente aos seres humanos e se expressa de maneira variada, conforme a estrutura evolutiva, os recursos morais e as conquistas espirituais de cada indivíduo.
A vinculação que se faz da mediunidade com o Espiritismo deve-se principalmente aos seguintes fatores:
– Foi através da mediunidade que a Doutrina Espírita pôde ser transmitida à humanidade terrena pelos espíritos superiores.
– A partir do surgimento da Doutrina Espírita foi possível identificar a existência da mediunidade nos seres humanos.
– É através do estudo e da vivência dos postulados espíritas que o homem poderá educar e desenvolver a mediunidade para uma prática segura e direcionada sempre para sua evolução e principalmente, para o auxílio ao próximo.
Também, ainda existe uma crença de que para ser espírita é preciso ter as faculdades mediúnicas bem desenvolvidas. O que não está correto, pois todo aquele que busca a libertação de seus erros e vícios através da sua reforma interior, tendo como base essa doutrina moral e filosófica, transmitida pelos espíritos superiores e codificada por Allan Kardec, independentemente de ver, sentir ou se comunicar com os seres do mundo invisível, pode ser considerado um espírita.
* Livro dos Médiuns, Editora FEB, pág. 203