A humanidade terrena passa por momentos conturbados e aflitivos. Os dramas existenciais visitam as criaturas numa época em que a ciência e o conhecimento já oferecem recursos para se viver muito melhor. Isso acontece justamente porque a evolução moral, questão mais importante na ascensão do ser, ainda está muito longe de atingir o mesmo estágio do progresso material e intelectual. Mesmo sabendo-se que a perfeição não é deste mundo, há muitas etapas que podem ser buscadas e alcançadas.
Tudo o que há no universo se originou primeiramente na mente de seus idealizadores. Desse modo, é no campo do pensamento que se deve iniciar a reforma, através da vigilância, como instrumento para disciplinar as idéias que surgem desordenadas e às vezes até perturbadoras. Separando o joio do trigo, não aceitando as idéias que nada edificam, utilizando a meditação para se autoconhecer e poder dominar as rédeas dos pensamentos desarmonizados que chegam de fora ou que emergem do íntimo de cada um, a fim de que eles não conduzam os destinos do ser.
Os recursos para o planejamento das ações novas serão buscados no campo do estudo, pois o acúmulo de conhecimentos fornecerá material para se elaborar as ações em bases sólidas e imperecíveis. Pela leitura e reflexão das questões que envolvem a vida em todas as dimensões; pelo estudo dos ensinos de Jesus, narrados pelos Evangelistas, restaurados e melhor explicados pelo Consolador prometido (Jo 14, 15-26), pela análise do próprio comportamento diante das circunstâncias que não são favoráveis; e percebendo como se transita pelo mundo ante aos embates da vida.
No entanto, será no campo da ação que se consolidará a mudança. Fazer da caridade (Paulo, 1-8), amor em ação, um exercício diário é o melhor remédio para a cura das almas enfermas que ainda mergulhadas nesse pesado fardo (o corpo físico) necessitam das terapias do amor e do perdão dispensados ao semelhante. A caridade, como instrumento de doação representa a prática e a vivência dos postulados do Cristo; disciplina e enobrece a alma, dulcifica os sentimentos e coloca o candidato à renovação em contato com a luz que estará sempre presente em todas as ações direcionadas para o bem. Exercitar a bondade, a tolerância e a compreensão, procurando ver além do erro, da agressão e da ignorância e fazer do perdão uma meta possível de ser alcançada, renunciando à vingança e procurando oferecer o bem, como a outra face do erro, proposta por Jesus (Mt 5, 38-42), que ensina a fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito (Mt 7, 12).
Por fim, será na oração que se encontrará o refrigério da alma. A prece fortalece a fé e a coragem, trazendo a resignação ante as circunstâncias que não podem ser modificadas. É a luz que chega dos planos superiores envolvendo quem se liga a Deus e se abre para a renovação. Não será pelas palavras ou pelo número, mas pela intensidade que se vibra a medida que são pronunciadas.
Como não há excluídos na obra de Deus, cada um encontrará em si próprio os meios para promover a transformação moral, tão necessária e urgente.
Cleto Brutes