“(…) Porque ao que tem, ser-lhe-á dado; ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.” Jesus (Mc., 4:25)
No capítulo oito, versículo doze, do Evangelho de João, estão registradas as seguintes palavras de Jesus:“Eu Sou a Luz do mundo”, e nossas mentes são os prismas que essa Luz atravessa, lançando em todas as direções os reflexos de acordo com as potencialidades prismáticas de cada um.
Segundo Emmanuel “a palavra de Jesus, em todas as circunstâncias, foi tocada de uma luz oculta, apresentando os reflexos prismáticos, em todos os tempos, para a Alma humana, na sua ascensão para a sabedoria e o amor.”
Assim, de dois mil anos para cá, a Humanidade se beneficia com as claridades do Mais Alto na medida de sua capacidade de assimilação.
A expressão: “veja quem tem olhos de ver”, encontrada em várias oportunidades no Novo Testamento, não é simples pleonasmo. Nossa acuidade mental para as sutilezas do sentido das palavras de Jesus não pode ser negligenciada ou anestesiada, vez que ao que já tem condições de receber Luz mais intensa, mais Luz ser-lhe-á dada. Quem não guarda possibilidades de ver e reter essa Luz, perder-se-á na escuridão de si mesmo.
Acompanhemos o raciocínio de Emmanuel no desdobramento do sentido das palavras de Jesus colocadas em epígrafe1: (Mc., 4:25)
“(…) Se possuímos a verdadeira Caridade espiritual, se trabalhamos pela nossa iluminação íntima, irradiando luz, espontaneamente, para o caminho dos nossos irmãos em luta e aprendizado, mais receberemos das fontes puras dos planos espirituais mais elevados, porque, depois de valorizarmos a oportunidade recebida, horizontes infinitos se abrirão para as nossas Almas, o que não poderá acontecer aos que lançam mão do sagrado ensejo de iluminação própria nas estradas da Vida, com a mais evidente despreocupação de seus legítimos deveres…”
Por serem mais adiantados, moral e espiritualmente, Jesus pôde iniciar alguns de seus discípulos no conhecimento de verdades mais abstratas. Não obstante, ficaram ainda muitas coisas para mais tarde; e, hoje, o Espiritismo está encarregado de lançar novas luzes nos “ditos do Senhor” para tornar-lhes perceptível o verdadeiro sentido.
A Doutrina dos Espíritos é o “prisma final e definitivo” por onde a Luz do Mestre projetar-se-á na direção da Humanidade, rompendo de vez com todos os redutos do obscurantismo e da ignorância.
Os Espíritos do Senhor, que são as Vozes do Infinito, aguardam a adequação de quantos se dispõem a receber as luzes do Mais Alto para esparzi-las na direção dos que ficaram na retaguarda, a fim de que todos possam ter mais e de ninguém nada seja tirado.
1XAVIER, Francisco. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2001. Questão 259.