Nos últimos tempos, viver com qualidade de vida é algo que tem sido buscado por muitas pessoas. Mas o que é ter qualidade de vida? A depender dos valores, das crenças e do nível de consciência, vamos encontrar um significado particular para cada indivíduo.
Para os materialistas, a qualidade de vida estará mais ligada às questões que dizem respeito as formas de usufruir daquilo que denominam “as coisas boas” da vida. Esses indivíduos direcionam seus esforços para a conquista de bens e oportunidades que lhes garantam o prazer e o bem-estar através das coisas materiais.
Como os progressos no campo do conhecimento e da ciência materialista não têm sido suficientes para fazer da Terra um cenário melhor para se viver, nem resolvido os conflitos das almas humanas, aos poucos as pessoas vão se dando conta que as coisas terrenas, transitórias, podem oferecer apenas momentos passageiros de bem-estar e satisfação. Por isso, a qualidade de vida passa a ser buscada através da conquista de outros valores.
Dentro desse novo prisma, ter qualidade de vida, também significa um estado da alma mais duradouro, que independe das circunstâncias externas, onde a solidariedade, a convivência harmoniosa, a religiosidade, os sentimentos enobrecidos exercem uma influência maior na contabilidade da vida.
Assim, qualidade de vida não está vinculada à ausência ou à presença de algo exterior, mas como interiormente reagimos às circunstâncias que nos cercam. Fatores como desemprego, doenças, convivências difíceis somente alteram o estado da alma se o ser envolver-se apenas com o lado negativo dessas ocorrências. Por isso, qualidade de vida depende exclusivamente de cada um, das escolhas e principalmente da postura diante dos obstáculos e dos conflitos que enfrenta.
Na ótica proposta pela Doutrina Espírita (LE questão 922a), terá qualidade de vida aquele que consegue reunir a posse do necessário, a consciência tranqüila e a fé no futuro.
Os desafios são muitos, a começar pelo contato com a própria realidade íntima, e a partir daí buscar a mudança interior, adotando como estilo de vida o modelo de amor proposto por Jesus e como valores os princípios cristãos. Assim, estaremos, para o nosso próprio bem, construindo uma vida melhor, pois o Evangelho de Jesus não é apenas roteiro de luz, mas receita de paz, de felicidade, de saúde e de alegria1.
Serão necessárias mudanças profundas nos modelos e conceitos que estão retardando o progresso espiritual, sem esperar que acontecimentos mais fortes surjam na vida para que, então, se dê o devido significado a esta existência. Embora a divindade sempre conceda uma nova oportunidade, talvez amanhã as condições não sejam melhores, por isso, o melhor momento para reavaliar a vida é antes das tempestades.
Cada um tem, não só o direito, mas o dever de buscar uma vida melhor, de acordo com a sua realidade e os recursos que a vida oferece como resultado das suas conquistas, tanto desta como de outras existências.
É evidente que se pode, de uma forma equilibrada, usufruir as coisas terrenas, pois elas são um suporte significativo para a vida. Todavia, o lazer, a convivência, os relacionamentos e o trabalho devem estar embasados nos princípios da solidariedade, da tolerância, do perdão e do amor ao próximo, para permitir um efetivo aproveitamento da vida e a construção de um estado de paz e tranqüilidade sólido e duradouro que nos acompanhará sempre, tanto aqui, como nas experiências futuras.
Cleto Brutes
1COELHO, Rogério. Revista Internacional de Espiritismo. Jesus, mestre, modelo e guia. Matão,SP. abr-2006. p. 124.