Nossos dias são contados. Neste exato instante estão retornando ao mundo terreno milhares de almas, algumas com poucas horas, outras com dezenas de anos pela frente. Também neste momento, outros milhares estão partindo para a espiritualidade pelo portal da morte. Por isso, pela finitude do corpo, temos um “prazo de validade”.
Qual o destino de cada um? Quais são ou foram os motivos de suas alegrias? Por quem choram? Quais são seus maiores temores? Como comemoraram suas vitórias? Enfim, qual é o objetivo de tudo isso, qual é o propósito da vida?
O grande líder budista, Dalai Lama, com a simplicidade dos sábios, diz que “o propósito de nossa existência é buscar a felicidade”.
Porque erramos tanto o foco de nossa existência? Se não houvesse tantos equívocos certamente uma enorme parcela da humanidade não estaria infeliz, deprimida ou violenta.
Na sociedade atual, é muito valorizada a conquista intelectual, o excedente financeiro, as benesses do poder, provocando uma competitividade irracional e a exaltação do orgulho, deslocando, por causa desses interesses, o propósito e a missão da grande maioria das pessoas. Depois, não logrando satisfação dessas conquistas, o indivíduo é incentivado por essa mesma sociedade ao uso de entorpecentes para anestesiar as suas frustrações.
Enquanto ocorrem epidemias de depressão, ansiedade, e outros transtornos emocionais, percebem-se sinais claros de insatisfação das pessoas com as buscas e os objetivos traçados até então. Positivamente, demonstra-se a real necessidade de mudança de rumo, do encontro consigo mesmo e a busca da singularidade.
O entendimento de que esta reencarnação é um pequeno, mas importante segmento da eternidade espiritual, faz com que mobilizemos forças para procurar os reais motivos da vida, na situação em que nos encontramos.
Vitorioso é aquele que descobre qual é a sua missão e se esforça por cumpri-la em sua integridade.
Nos fatos da vida temos a oportunidade de identificar e modificar as expectativas de quem consideramos vitoriosos e felizes: certo dia observamos um jovem adolescente, portador de paralisia cerebral, em sua cadeira de rodas, demonstrar, a seu modo, um extremo sentimento de amor e carinho à sua amorosa mãe.
Filho e mãe: almas vitoriosas, cumpridoras de seus destinos. Na dedicação da mãe, no sorriso do filho; no beijo amoroso da mãe, nos olhos de gratidão do filho – a vida se mostra muito mais profunda e maravilhosa no convívio dos dois.
Na magnitude dessa lição da vida, vê-se que a felicidade tem muito pouco a ver com o que temos, com quem, onde ou como estamos, mas sim, com a maneira como percebemos e nos sentimos em relação a nossa situação e a consciente e madura procura do auto-aprimoramento.
O propósito da vida, a felicidade, não sendo mais o resultado objetivo de condições exteriores, torna-se possível de ser alcançada através de treinamento mental, disciplina interior, resignação e vontade de superação. Exercitando o pensamento, identificamos quais são os fatores que levam à felicidade e aqueles que levam ao sofrimento. Depois, gradativamente, eliminamos os segundos e cultivamos os primeiros – é simples, mas requer muito esforço.
Luis Roberto Scholl