Acompanhamos, através dos meios de comunicação, inúmeros escândalos, denúncias de corrupção, falcatruas envolvendo funcionários do governo, políticos, autoridades e questionamo-nos como tantas pessoas mal intencionadas ou ignorantes podem deter o poder, inclusive decidindo, muitas vezes, o destino de um povo.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XVII, item 9, esclarece que a autoridade, semelhante à riqueza, é um comprometimento da qual será cobrado daquele que dela se acha investido. Ambas são concedidas aos seres humanos, não como fontes de prazer, de poder ou de autoritarismo, mas como oportunidades de proporcionar conforto, desenvolvimento e qualidade de vida a um grande número de pessoas, ou a toda a comunidade.
A Doutrina Espírita explica que o espírito, à medida que evolui, aumenta sua capacidade de livre escolha, decidindo seu próprio destino. O povo, tendo a possibilidade de escolher seus líderes, assume, também, a responsabilidade perante os atos de seus eleitos, embora, muitas vezes, por ignorância ou ingenuidade, são eleitas pessoas não capacitadas, moral ou psicologicamente, para tais encargos. Isso, porém, não retira a parcela de responsabilidade de eleitores e eleitos.
Aquele que exerce temporariamente um cargo público responderá pelas boas ou más ações que tiver executado no exercício da autoridade que lhe foi confiada e, também, pelo exemplo que deixar. Quem compreende que o poder não é um direito inalienável ou propriedade da autoridade constituída, pois Deus o retira quando lhe apraz, utilizando os mais diversos meios, passa a entender a autoridade como uma prova ou uma missão, consciente da importância de agir no bem, com justiça, deixando de lado as vaidades e os prazeres mundanos.
Como espíritos imortais que somos, possuímos compromissos perante o próximo, em diferentes graus, variando de acordo com os débitos e os comprometimentos outrora assumidos. Assim, todos estamos investidos em escalas diferentes de algum tipo de responsabilidade ou poder. Ninguém está dispensado de cumprir o seu dever, mesmo quando o seu próximo, seja ele colega, subalterno ou superior hierarquicamente, não cumpre a parte que lhe cabe, pois a falta de um não justifica a falta do outro. Haverá momento em que será questionado a todos o que foi feito de cada oportunidade; e quanto maior o poder mal exercido, maior a responsabilidade e maiores os débitos a serem resgatados.
Independente de nossa posição na escala política, social ou econômica, façamos de nossas atitudes modelos de correção e bem agir; procuremos estar atentos e bem informados, a fim de acertarmos cada vez mais em nossas escolhas; oremos para que todos, inclusive os que possuem algum poder ou autoridade, compreendam sua missão e trabalhem da maneira correta e justa formando assim mais um elo desta corrente por um mundo melhor.