Há uma epidemia atacando a juventude, especialmente na Califórnia, sul dos Estados Unidos da América, que tem reflexos em todo o mundo. O universo das gangues de rua já é tratado pelas autoridades norte-americanas como um grave problema social, nacional. Jovens substituem suas famílias por grupos cujo objetivo é conquistar “espaço”, “poder” em determinada área, onde o consumo de entorpecentes e o uso da violência são leis predominantes.
A ausência de amor na família, de auto-amor, a falta de perspectivas, a sociedade excessivamente materialista, na qual a luta pela sobrevivência já não é tão necessária, pois o Estado provém as necessidades básicas, são alguns dos diagnósticos das causas do problema¹.
Mudando de cenário, no Brasil, Rio Grande do Sul, Santo Ângelo, jovens alegres, reúnem-se numa tarde ensolarada de domingo para visitar um asilo de idosos, levando-lhes um pouco de companhia; outro grupo se reúne para ensaiar uma peça de teatro com tema edificante. Mais tarde unem-se, de acordo com a faixa etária e, com muito entusiasmo, estudam a Doutrina Espírita, para melhor compreenderem o mundo e a si mesmos. A alegria saudável que exprimem é sentida por todos. Semelhantes reuniões acontecem em diversos Centros Espíritas espalhados pelo Brasil. Outras religiões e grupos também proporcionam encontros com propósitos parecidos².
Afinal, quais dos jovens de hoje serão os adultos de amanhã? Os das gangues? Ou os “do bem”?
O momento atual é de grandes transformações. Não só no clima, na geografia, no meio ambiente, mas, principalmente, na humanidade. Alguns seres reencarnam neste planeta como última oportunidade de educação e desenvolvimento moral para, conscientemente, abandonarem a violência e a opressão. Se não se ajustarem, reencarnarão em outros planetas com mais dificuldades que as atuais, compatível com seu nível evolutivo. Lá encontrarão novas oportunidades de crescimento e amadurecimento.
Também reencarnam na Terra espíritos já mais evoluídos. Surgem crianças e jovens com características marcadamente mais evolutivas, almas estagiando no caminho do amor ao próximo. Não são seres superiores, apenas mais evoluídos. É a estes que Jesus se referia quando disse “os brandos herdarão a Terra”. (Mt. 5, 4)
Há jovens e jovens. Há os envolvidos nas drogas e os envolvidos na caridade.
Dediquem, os adultos, tempo, boa vontade e amor para conduzir a juventude de hoje para a alameda da ética e da moral. O conhecimento acadêmico é muito importante, mas não é o único. Ajudá-los a discernir o certo do errado, o justo do injusto, esse deve ser o principal foco da sociedade para não cometer os mesmos erros das comunidades altamente intelectualizadas e industrializadas, mas carentes de sentimentos, inquietas com uma juventude violenta, desrespeitosa, sem rumo, sem objetivos maiores do que a satisfação egocêntrica.
A violência existe em todo o mundo, inclusive no Brasil. A transformação da sociedade para o bem só ocorrerá quando todos se envolverem na problemática e participarem na busca de soluções.
A Doutrina dos Espíritos auxilia na construção de uma sociedade mais justa e feliz, renovando consciências. O entendimento da reencarnação como necessidade do espírito para evoluir até Deus, da Lei de Causa e Efeito, compreendendo que a prática do mal traz conseqüências infelizes para o próprio autor, que as dores e dificuldades não são castigos Divinos, mas chances de reparação e aprendizados, leva inevitavelmente os indivíduos a repensarem suas atitudes perante a vida.
O mundo se transformará quando o indivíduo se modificar. O Espiritismo é uma das ferramentas utilizadas por Deus nessa transformação. A juventude caminha para a mudança de paradigmas e a juventude espírita sai na frente, pois compreende racionalmente as Leis Divinas.
Luis Roberto Scholl
¹Jornal Folha Espírita, fev./05
² Idem. Nos últimos 5 anos a participação de jovens em trabalhos voluntários deu um salto de 7% para 34%