Em todos os povos, desde os princípios rudimentares de sociedade, sempre houve a necessidade de que alguém ou um grupo de indivíduos exercesse a liderança ou autoridade.
Isto é justificável pela diversidade de aptidões e caracteres dos que compõe a comunidade, pela incapacidade de autogerenciamento, pelo imperativo de regulamentação ou repressão nas divergências.
É sabido que este poder nem sempre foi bem desempenhado pelos governantes, ou pelo contrário, na maioria das vezes o foi exercido de forma parcial e tendenciosa, movido por interesses particulares e escusos.
Nas sociedades primitivas este poder era confiado aos chefes de família ou aos mais antigos: era a autoridade patriarcal. Mais tarde com as lutas travadas entre as tribos ou grupos, por necessidade, quem passou a exercer o domínio eram os mais fortes e vigorosos: era o poder da força bruta. Essa forma de liderança motivou a corrupção pela brutalidade e a escravidão a que eram submetidos os vencidos e mais fracos.
De certo modo, o império da força se tornou mais duradouro quando se instalou a hereditariedade no poder. Os clãs que detinham mais exércitos ou armas sob seu domínio legavam aos seus descendentes, por herança, títulos, domínios e privilégios sobre as castas consideradas inferiores.
Posteriormente, as massas, mais educadas e conscientes de sua força, não mais aceitando a opressão, derrubaram essa forma de poder, notadamente a partir da revolução francesa de 1789.
Elevou-se, então, uma nova potência: o dinheiro. Aparentemente mais justa, pois não era imprescindível nascer em berço nobre, foi fonte de profunda perdição e cupidez. O dinheiro, apesar de ainda muito poderoso, foi perdendo espaço para a inteligência – esta sim, a real fonte para a obtenção da riqueza.
A inteligência é possível ao pobre e ao rico, mas como nem sempre se constitui penhor de moralidade, o homem intelectualmente capaz pode fazer perverso uso de suas faculdades e tornar-se um tirano. Essa forma de “esperteza” é o que prepondera na atualidade.
Se a inteligência não se tornou uma garantia de justiça e moral como os resultados dos testes de QI (Binet e Simon) já comprovaram, estudou-se, posteriormente, especialmente com Daniel Goleman, o QE, a inteligência emocional, procurando entender o homem em sua plenitude. Só mais recentemente, com a Dra. Dana Zohar, pesquisou-se que o homem é portador de uma outra inteligência – a espiritual (QS). Essa pode ser considerada como base de sustentação às outras duas, que permite ao ser situar a vida e os sentimentos em um contexto mais significativo, com objetivos mais profundos e duradouros, caminho mais seguro para a auto-realização.
A liderença do futuro, a aristocracia (do grego, aristos – o melhor; kratos – poder), ou seja, o poder do melhor, será exercido pelo Homem de Bem, ou, como denomina Joanna de Ângelis, o Homem Integral. A inteligência aliada à moralidade (QI+QE+QS) será a marca definitiva desta nova liderança que se agiganta para o terceiro milênio. A supremacia da aristocracia intelecto-moral será durável porque terá a animá-la sentimentos de justiça e caridade. O amor e a razão, a liderança construtiva e a fraternidade predominarão nos líderes do futuro.
Estes novos líderes estão sendo preparados, na espiritualidade, para reencarnarem (alguns já se encontram entre nós) e comandarem o processo de evolução do planeta Terra, auxiliando na transformação de um mundo de provas e expiações para um mundo de regeneração.
Cabe a cada um auto-educar-se promovendo a reforma moral íntima, aprendendo a auxiliar e amar o próximo como a si mesmo, buscando desenvolver essa inteligência espiritual, para fazer-se merecedor de viver neste novo mundo, participando desta nova era onde a justiça, a bondade, a paz e a fraternidade irão imperar sobre o mal e a iniqüidade.
Luis Roberto Scholl
Leia mais sobre o assunto em Obras Póstumas, de Allan Kardec – A Aristocracia.