Como surgiu o ser inteligente na Terra? Como se explica o aparecimento do homem?
Essas perguntas são feitas nos meios filosóficos, científicos e religiosos.
A capacidade intelectual, ainda limitada da humanidade, não permite que tenhamos as respostas a essas indagações, mas, a própria ciência humana e a Doutrina Espírita colocaram algumas luzes nesse assunto.
Existem duas linhas científicas, aparentemente antagônicas entre si, mas que, quando unidas, auxiliarão na compreensão do surgimento do homem.
A tese do Criacionismo é uma dessas correntes de pensamento que coloca o homem como uma criação divina, de um ser supremo, mas da forma como somos hoje.
O Evolucionismo de Charles Darwin, naturalista inglês do século XIX, afirma que o homem é uma ramificação descendente dos primatas e que, por meio da evolução e seleção das espécies, atingiu ao atual grau de homo-sapiens. A descoberta do fóssil de um homem macaco em l920, por Raymond Dart, foi o primeiro apoio à teoria de Darwin de que os primeiros vestígios da evolução humana poderiam se encontrar no continente africano. Recentemente foi divulgado um achado em Chade (África) de fósseis com antiguidade de 6 a 7 milhões de anos (pelo menos 3 milhões de anos anterior aos crânios de homídeos mais antigos escavados até então). A descoberta desses fósseis aproximaria a data da divisão da linhagem humana dos símios, entre 5 e 7 milhões de anos!
Os criacionistas nos dizem que o homem e o Universo, pela sua complexidade, não poderão ser obra do acaso, enquanto que os darwinistas afirmam que o princípio da seleção natural das espécies é que regem as leis evolucionistas não havendo comprovação da existência de um ser superior no comando dessas leis.
A Doutrina Espírita esclarece que, examinando os três reinos da natureza (mineral, vegetal e animal), veremos expressada a sabedoria do Criador. O princípio de atração e coesão das moléculas diferem as unidades no mineral. No vegetal, superior ao mineral, a matéria orgânica cresce, expandindo-se e combinando-se em novos elementos. No reino animal, as elaborações são bem mais complexas e o ser, além dos impulsos que lhes são próprios, carrega consigo as heranças dos reinos menores que o seu.
O Princípio Inteligente, trilhando um caminho independente na escala animal (individualidade espiritual), aprimora-se cada vez mais, inclusive na família dos primatas, alcançando no homem sua mais expressiva demonstração de inteligência (espírito imortal).
Sendo o homem (corpo físico, organismo) o resultado do desenvolvimento evolutivo do princípio material, é ele organismo capaz de receber o ser inteligente (espírito-evolução do princípio inteligente), para que este possa evoluir nos aspectos morais e intelectuais, nas suas inumeráveis experiências reencarnatórias.
Esse preparo do ser humano pela natureza se deu ao longo dos tempos. Representando a criação do Universo em uma linha imaginária do tempo, no período de um ano, o homem apareceu nos últimos dois segundos do dia 31 de dezembro.
As leis da natureza e de evolução da vida são lógicas demais para serem obras do acaso. Deus, segundo os Espíritos (O Livro dos Espíritos, questão nº 1): “é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”, e as suas leis perfeitas e justas, justificam biologicamente que a vida é um planejamento divino e que a evolução das espécies está perfeitamente adequada a essas leis.
Para Gorgônio Nóbrega (Doutor em Genética Molecular pela Universidade de Columbia-EUA): “(…) a origem da vida celular está envolvida em mistério, pois a ciência, apesar de muitos progressos, ainda está longe de ter um modelo completo, sem falhas, para explicar a gênese da estrutura celular e do maquinário da vida”.
A espiritualidade superior nos diz que o mistério da criação faz parte dos desígnios de Deus, sendo ao homem, por enquanto, vedado o acesso a esses conhecimentos (LE, questões 17,18 e 19).
Da mais simples das criaturas aos seres mais complexos, há sempre uma força superior no comando de tudo. A essa Sabedoria Infinita, que chamamos de Deus, está o crédito da criação da vida e das leis naturais que gerenciam o funcionamento perfeito do Universo. A compreensão desses princípios facilita o entendimento que nada é obra do acaso e, sendo a nossa vida regida por leis sábias e misericordiosas, nos é dado o livre arbítrio para agirmos de acordo com a nossa consciência e escolhermos o caminho que queremos seguir, tendo a certeza que, sempre que nos desviarmos, a Vida se encarregará de nos conduzir novamente para os trilhos.
Fontes pesquisadas: O Livro dos Espíritos, Allan Kardec,
Revista Presença Espírita, nº 230, maio/junho 2002 –
Jorge Andréa dos Santos (Ed. LEAL),
Revista Superinteresante, nº 177, junho 2002- Jonas Morais (Ed. Abril),
Jornal Zero Hora de 11/07/2002.