Os sonhos normalmente retratam apenas uma pequena parcela das atividades do espírito. Podem ser as lembranças do que o Espírito viu durante a suspensão da vida ativa; ou as lembranças do deslocamento que ele fez até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. As idéias um tanto quanto confusas, que nenhum sentido parecem ter, podem ser as imagens daquilo que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual.
Os sonhos podem ser também, a lembrança de acontecimentos de existências anteriores, que são trazidas à memória. Muitas vezes, o que lembramos pode ser apenas a perturbação que o nosso espírito experimenta quando da sua partida ou no seu regresso ao corpo, acrescida das coisas que fizemos ou com as quais nos preocupamos, enquanto despertos.
De uma maneira geral, os sonhos são apenas alguns fragmentos das atividades do espírito, já que não conseguimos lembrar de tudo o que acontece nesse tempo. Essa falta de lembrança ocorre porque nossa mente, já sobrecarregada pelo que ela arquiva da vida ativa, não conseguiria suportar mais uma carga de imagens, sensações e emoções da vivência espiritual. E, como o cérebro físico não é utilizado, as impressões vividas pelo espírito não são registradas pelos órgãos receptores do corpo físico. Elas são percebidas através do nosso corpo perispiritual. Desse modo, quando o espírito volta ao corpo, ocorre uma espécie de filtragem na lembrança do que ocorreu no mundo espiritual. Esses acontecimentos não são apagados, ficam gravados no fundo da nossa consciência podendo vir à tona quando necessário, através de idéias e de intuições. Ao despertar, podemos ter alguns pressentimentos a respeito de coisas que talvez aconteçam. Quantas vezes acordamos com idéias novas que nos ajuda a resolver os problemas. Surgem opções sobre as quais não tínhamos pensado antes. Vemos algumas coisas sobre ângulos que não observamos ainda.
Temos dificuldades para interpretar os sonhos, pois as imagens e emoções que lembramos podem ser o fruto das nossas perturbações e aflições. Nesse estado, lembranças de vidas anteriores emergem do inconsciente e se misturam com as coisas que acontecem atualmente. Também poderá ser o que realmente vivenciamos, mas representado através de símbolos. Muitas vezes, os mentores espirituais utilizam simbolismos objetivando fazer sugestões e advertências, sem violar o nosso livre-arbítrio. E nessa simbologia há uma significação particular para cada um de nós. Se duas pessoas sonharem com a mesma coisa, o significado desse sonho poderá ser diferente para ambas.
Assim, precisamos aprender a utilizar essas informações que recebemos durante o sono. Jesus nos ensinou a buscar a verdade, e ela nos libertaria. Assim, através do estudo das leis que regem a vida, vamos descortinando um mundo de novas possibilidades. Pelo estudo vamos aprender a analisar com os filtros da lógica e da razão o que acontece nos nossos sonhos. Vamos aprender a separar o que é bom e útil. Quando procuramos seguir os ensinamentos de Jesus, quando realmente desejamos evoluir, a nossa ligação com os benfeitores espirituais se fortalece e as verdades que precisamos conhecer chegarão a nós no momento oportuno.
Antes de adormecer, em prece, elevemos o nosso pensamento a Deus para pedir o conselho dos bons Espíritos e que nos acompanhem nesses instantes de liberdade concedidos ao nosso espírito. Também devemos, humildemente, nos colocar à disposição dos nossos amigos espirituais, para junto deles realizar as tarefas que estiverem ao nosso alcance.
“Se quisermos bons sonhos e um despertar feliz, é imperioso que cultivemos os valores do bem e da verdade. Assim, enquanto o corpo repousa estaremos convivendo com amigos e mentores, aprendendo e servindo, como um ensaio feliz para a transferência definitiva, quando a morte nos convocar”. Richard Simonetti, no Livro Viver em Plenitude.