Em todas as religiões existem pessoas boas e más, pessoas caridosas e criaturas insensíveis diante do sofrimento alheio.
Sendo assim, qual é a vantagem de ser espírita, se podemos ser bons cristãos em qualquer doutrina, até mesmo nas orientais que não têm no Cristo o seu Mestre?
A resposta é simples: o conhecimento que adquirimos pelas orientações do Espiritismo facilita o entendimento e nos cria desejos de mudança, frente aos quadros da vida comum. Só quem compreende que a reencarnação reflete a justiça de Deus, dá oportunidade de recomeço e conserto dos erros passados, pode investir com convicção na vida atual.
O espírita tem consciência de que não sofre o que não merece. Sabe que embora lhe doa, como dói em qualquer um, não se sentirá punido pelo Criador, mas sabe que está sendo cobrado por si mesmo. Já diz O Livro dos Espíritos que a Lei de Deus está escrita na consciência dos homens. Logo, fazer o certo ou o errado é opção de cada um: chama-se livre arbítrio.
O espírita sabe que está colhendo nesta encarnação os frutos da árvore plantada em recente ou remoto passado espiritual. Sabe também, e isso é o mais importante, que está plantando novas árvores na vida presente que produzirão frutos a serem colhidos no futuro. Se o que plantar for de má qualidade, só colherá frutos amargos.
O Espiritismo deixa claro que Deus nem salva, nem castiga, nem perdoa, porque Ele é o Legislador.
Quem caminha a favor das Leis Divinas é calmo, paciente, resignado, alegre, verdadeiro, disciplinado. Quem faz o inverso, é aflito, insatisfeito, irritadiço, macambúzio e vive reclamando da vida. Nada o contenta e sente-se vítima das injustiças de Deus e dos homens.
É por isso que vale a pena ser espírita. Enquanto outras doutrinas oferecem o céu com facilidade, às vezes mediante pagamento, o Espiritismo fala da luta titânica que o homem tem de empreender consigo mesmo para avançar um mínimo na escala da espiritualidade. Isto é a verdade.
Por viver num mundo de dores, planeta afim com a imperfeição do homem da Terra, é preciso muito esforço para avançar um pouco. E o pouco que se consegue é altamente recompensado pelo bem-estar e serenidade que conseguimos.
Mas sem saber o porquê, ninguém terá vontade de lutar. E o Espiritismo ensina que lutar vale a pena.
Octávio Caúmo Serrano – João Pessoa – Pb
Fonte: O Clarim – maio/2002