O perdão é uma decisão muito sábia, não só pelo aspecto evangélico, mas pelas conseqüências imediatas nas nossas vidas. A ciência já comprovou que o perdão é fonte de saúde, pois quando estamos magoados ficamos mais fragilizados. Por outro lado, quando agimos com tolerância, indulgência, procurando não guardar ressentimentos, estamos aumentando nossas defesas imunológicas. Assim, em primeiro lugar, precisamos compreender que perdoar é bom, principalmente, para quem perdoa. Com o perdão nos desvinculamos dos erros e nos liberamos para caminhar rumo à conquista da felicidade.
Para aprender a perdoar é preciso lembrar que somos espíritos antigos e compreender que, em relação à vida, ninguém é vítima, todos temos nossa parcela de responsabilidade, e que perdoando os inimigos estamos perdoando a nós mesmos, rompendo esses fios invisíveis que nos mantêm conectados a mentes culpadas, saindo da condição de devedores, quebrando esse ciclo de erros, culpas e vinganças. Com o perdão nos mostramos melhores do que éramos e conquistamos o merecimento do perdão divino em relação as nossas próprias faltas, que não são poucas.
Perdoar não é admitir que o agressor está certo e nem liberá-lo de resgatar seus erros, pois ele continuará sujeito à reparação, porém a justiça divina se encarregará disso. Precisamos acreditar que a lei divina cumprir-se-á independente das nossas atitudes, pois ela se auto-regula e se auto-aplica, não necessitando da nossa ação.
O perdão incondicional, preconizado por Cristo através do esquecimento poderá, ainda, não estar dentro das nossas possibilidades. No entanto, entre a ofensa e o esquecimento, que é a meta final, há uma longa trajetória a ser percorrida. Perdoar pode não ser, por enquanto, esquecer. No entanto, não se sentir ofendido, renunciar à vingança e aproveitar as oportunidades que surgirão para fazer o bem aos desafetos, são atitudes possíveis. Ao pagar o mal com o bem, acionamos os sentimentos nobres que estão adormecidos nos ofensores. Do mesmo modo, ao agir de forma agressiva, acionamos nos outros o lado violento que ainda permanece nas criaturas.
A desejo de perdoar é o primeiro passo, conscientes de que a humanidade terrena ainda não conseguiu romper com padrões e atavismos do passado, onde predominava a lei do mais forte, daquele que diz a última palavra. Mas é hora de abandonarmos o homem velho e buscar construir um homem novo, com a certeza de que a vida nos recompensará por todo ato de amor, benevolência, indulgência e perdão que praticarmos.
Que Jesus ilumine nossos pensamentos e sentimentos, impulsionando-nos, estimulando-nos a seguir o seu sublime exemplo, a fim de que um dia possamos também dizer aos nossos agressores: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Ainda não sabem porque são doentes do espírito, ainda não despertaram para a vida; não se deram conta que estão atrasando a própria felicidade.
Habitue-se, portanto, a perdoar. Faça do perdão a sua estrada da paz interior. Tenha a certeza que o perdão é o fim de uma batalha: consigo mesmo, com os familiares, com os amigos e inimigos. (Jason de Camargo)
Cleto Brutes
Referências:
CAMARGO, Jason de. Educação dos Sentimentos. Porto Alegre: Letras de Luz, 2001. p. 104.
DELLA POLA, Sandra. Seminário Jesus, modelo e guia em nossas vidas. Santo Ângelo, 2003.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 99.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1988. cap. X.