“O mais rico dos homens é aquele que tem menos necessidades”.
O Livro dos Espíritos, questão 926
O Livro dos Espíritos é uma fonte inesgotável de sabedoria que facilita o entendimento do ser humano. A Terra é uma escola onde o Espírito reencarna quantas vezes for necessário para expiar os equívocos do passado e ser provado com vistas ao futuro; é aqui que ele vive as situações de aprendizado, de felicidade e infelicidade relativa ao seu estágio evolutivo. Nessa obra, Allan Kardec e os Espíritos Superiores aprofundam o estudo das causas da infelicidade do homem neste planeta, especialmente na IV Parte – Esperanças e consolações / capítulo I – Penas e gozos terrenos, como também apresentam as ações que podem amenizar os males e torná-lo tão feliz quanto é possível na Terra.
Abordamos neste artigo, umas das muitas formas que se pode estudar este capítulo – composto de trinta e oito questões (da 920 a 957), oito subitens e onze valiosos comentários de Kardec – com o objetivo de facilitar seu entendimento.
920 a 922 – Introduz o tema, informando que o indivíduo é o causador primário de sua própria infelicidade. Esteja a causa nas existências anteriores ou na atual, sempre ela está no descumprimento das leis divinas. A medida comum da felicidade para todos os seres: a posse do necessário para a vida material (necessidades básicas atendidas: segurança, saúde, habitação, educação, alimentação…) e a consciência tranquila e a fé no futuro para a vida moral (conquistas mais facilmente entendidas e obtidas com o estudo e a prática do Espiritismo).
923 a 929 – Estuda as principais causas da infelicidade: as imperfeições morais e o materialismo; preconceito; ambição e caprichos (orgulho); inveja e ciúme; falta de resignação; insatisfação desmedida (egoísmo); insuficiência do necessário à vida material e falta de saúde ao corpo (esses são sofrimentos necessários como provas ou expiação ao Espírito); insatisfação profissional: não seguir a vocação por vaidades ou interesses mundanos.
930 a 932 – A infelicidade causada por atitudes equivocadas, impedindo a conquista da paz de consciência; quando o indivíduo não se permite levar pelo sentimento de solidariedade e caridade em relação ao próximo, e pelo predomínio do mal por causa da omissão dos bons.
933 – Resumo das causas morais da infelicidade humana: vícios morais – a tortura da alma. Opção pela infelicidade? Com suas paixões o homem cria para si mesmo verdadeiros suplícios voluntários e a Terra se torna para ele um verdadeiro inferno!
934 a 936 – O afastamento físico e temporário dos entes queridos pela morte ainda é um dos motivos de infelicidade: de tristeza sim, mas jamais de desespero, pois este é causado pela falta de fé no futuro e de convicção na vida após a morte.
937 a 938 – Muitos sofrem com as decepções, ingratidões e afeições destruídas, causadas por terceiros. Sempre que acontecem, são teste de resignação e paciência, para o exercício da caridade e do perdão e, especialmente, perseverança na prática do bem.
939 a 940 – Casamentos infelizes. Na Terra, a maioria dos casamentos são expiatórios, provacionais ou ocorrem por motivos fortuitos e levianos, motivados pela aparência, status, ascensão econômica ou social, ou seja, “entusiasmo material”. Quando não estão envolvidas as afeições da alma e somente as do corpo, se torna mais difícil, mas não impossível encontrar a felicidade nas uniões conjugais. Para superar a infelicidade é necessário o sentimento de abnegação e altruísmo, procurando transformar uma união antipática em amor terno e duradouro.
941 e 942 – Medo da morte. Causado por desconhecimento da vida futura, fé cega, crença na destinação eterna e imutável do Espírito e apego às coisas materiais. Antídoto: construção da fé raciocinada, da esperança e prática da caridade. Colocar-se acima das necessidades artificiais causadas pelas paixões humanas descontroladas.
943 a 957 – Sentimento de desgosto pela vida, sem motivos que o justifiquem. Causas mais comuns: ociosidade; falta de fé; saciedade, fastio, aborrecimentos.
Nessa parte, Kardec faz um estudo aprofundado dos motivos dos desgostos dos seres humanos, analisando pelo menos nove causas que podem induzir o indivíduo ao suicídio e a falsa ilusão de escapar do sofrimento, fugindo da vida. Merece um estudo apurado e cuidadoso porque serve como um excelente preventivo a este ato extremo. Encerra com as possíveis consequências do suicídio sobre o Espírito.
A Doutrina Espírita tem como único e exclusivo objetivo a melhora moral da humanidade. Um estudo atento de O Livro dos Espíritos facilita alcançá-lo. Analisando os motivos da infelicidade do homem na Terra, em algum momento da nossa experiência diária, identificaremos aquilo que ainda nos infelicita e nos causa desgosto, abstraindo então das lições dos Sábios da Espiritualidade a receita prática para encontrarmos a felicidade possível a cada um.
Luis Roberto Scholl