Nos povos de formação cristã, o dia 2 de novembro é tradicionalmente consagrado à lembrança de parentes e amigos que já regressaram à espiritualidade.
Doenças graves, acidentes e, sobretudo, o desgaste natural, determinam a paralisação do corpo que é, então, abandonado pelo Espírito que prossegue, agora em outro campo de realizações, consoante a lei do progresso, na busca de novas conquistas morais e intelectuais.
Na verdade, a morte, entendida como a extinção da consciência ou estado de ser é simples ilusão, conforme nos mostra o Espiritismo.
É justo lembrarmos com gratidão as pessoas de quem recebemos, às vezes por largos períodos, ajuda, orientação e estímulo. A Doutrina Espírita, contudo, esclarece quanto ao sentido dessa lembrança, informando, por exemplo, que a visita aos túmulos ou conservação de objetos que pertenceram a pessoas já desencarnadas constituem prática respeitável, mas não necessária, pois o que atinge e sensibiliza o Espírito é o pensamento que lhe dirigimos, independentemente de qualquer circunstância material.
A Doutrina Espírita proporciona também oportuno alerta, esclarecendo que os companheiros que nos ajudaram quando encarnados, quase sempre continuam a nos auxiliar, após sua desencarnação, convidando-nos, por isso, a recordar com mais frequência estes amigos agora invisíveis, envolvendo-os em nossa lembrança afetuosa, que para eles equivalerá sempre a carinhoso abraço. É útil esse alerta, pois, a vida moderna, agitada e quase exclusivamente voltada para o exterior, oferece pouco espaço para a introspecção e a reflexão.
Veja-se, a propósito, como os orientadores espirituais reponderam a Kardec quando indagados sobre este assunto:
“Sensibiliza os Espíritos o lembrarem-se deles os que lhes foram caros na Terra?
Muito mais do que podeis supor. Se são felizes, esse fato lhes aumenta a felicidade. Se são desgraçados, serve-lhes de lenitivo.”
“A visita de uma pessoa a um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa?
Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração.” (O Livro dos Espíritos, questões 320 e 323)
Antonio Augusto Chaves do Nascimento