Primeiramente, cabe esclarecer que médium é o ser, o indivíduo que serve de traço de união aos Espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza.
Na mediunidade, os semelhantes atuam com e como seus semelhantes. Os semelhantes dos espíritos são os espíritos encarnados. O perispírito de um desencarnado procede do mesmo meio, é da mesma natureza ao de um encarnado.
É importante esclarecer que os animais, desde que o mundo é mundo, sempre agiram da mesma maneira, quer quanto aos seus hábitos, a maneira de se alimentarem, seu habitat. Mas por outro lado, a cada passo, podemos encontrar provas da marcha incessante da humanidade pela senda do progresso.
Desse progredir constante, invencível, irrecusável do Espírito humano e desse estacionamento indefinido das outras espécies animais, conclui-se que somente os espíritos encarnados estão submetidos a inevitável lei do progresso, que os impele, fatalmente, sempre para diante. Deus colocou os animais ao lado do homem como auxiliares para o alimentarem, vestirem e secundarem. Deu-lhes uma certa dose de inteligência, porque para ajudarem o homem precisavam compreender; porém lhes outorgou inteligência apenas proporcionada aos serviços que são chamados a prestar.
Embora os espíritos possam tornar-se visíveis aos animais, não podem mediunizar diretamente nem aos animais nem a matéria inerte. Para isso é necessário o concurso consciente, ou inconsciente, de um médium humano, porque os espíritos precisam da união de fluidos similares, o que não encontram nem na matéria bruta e nem nos animais. Não há assimilação possível entre o perispírito humano e o envoltório fluídico dos animais.
Deus, que nada fez incompleto, deu aos animais, companheiros ou servidores do homem, qualidades de sociabilidade. Mas, em razão das diferentes naturezas entre os homens e os animais há, a impossibilidade de os animais transmitirem o pensamento dos espíritos.
Quando os espíritos querem transmitir mensagens aos encarnados eles atuam sobre o cérebro, sobre os arquivos do médium. Assim, tomam ao cérebro do médium os elementos necessários para dar aos seus pensamentos uma forma que seja compreensível pelos seres humanos encarnados. É com o auxílio dos materiais que possui, que o médium traduz o pensamento do espírito em linguagem vulgar. Tais elementos não podem ser encontrados no cérebro dos animais. Não há ali palavras, números, letras ou sinais semelhantes aos que existem no homem, mesmo o menos inteligente.
Os fatos mediúnicos não podem dar-se sem o concurso consciente, ou inconsciente dos médiuns; somente entre os encarnados, os espíritos podem encontrar os que servem de médiuns.
Baseado no Capítulo XXII
de O Livro dos Médiuns