Há Amor Nos Relacionamentos Afetivos?

“Amarás o próximo como a ti mesmo” Jesus (Mt. 22,39).

 

            Fénelon1, através da Doutrina Consoladora, veio ensinar que somente o amor verdadeiro faz vivificar e fecundar os germes dos sentimentos que estão em estado latente no coração de todas as criaturas. Diz também, que é através do amor que a Terra, planeta de provações, transformar-se-á num paraíso onde a caridade, a humildade, a paciência, o devotamento, a abnegação e a resignação serão exercitadas por todos os habitantes.

Mas, que amor é esse que transforma, que toca corações e mentes dos seres humanos, que estimula a realizar importantes tarefas ou aventuras que vão além dos limites? Seria o amor livre? O amor do relacionamento sem compromisso, sem vínculo afetivo, duradouro, tendo por única finalidade a satisfação dos desejos e instintos sexuais, onde não há interesse pela formação de laços que possam tornar a vida conjugal permanente? Certamente que não.

Devemos compreender que qualquer comunhão afetiva cria um pacto de uma consciência para outra, com responsabilidades bem definidas para ambos. Teremos que prestar contas de nossos atos por todos os prejuízos (físicos, emocionais, financeiros e espirituais) que aplicamos em nosso parceiro, de imediato ou a longo prazo.

A Doutrina Espírita esclarece e orienta quanto a responsabilidade que assumimos diante de nossos relacionamentos, mostrando o quanto devemos crescer e nos aperfeiçoar, a fim de sermos melhores, dentro das linhas do amor, respeito e disciplina. Ela ilumina e fortalece as almas sinceramente interessadas na educação da sua personalidade, do seu caráter, do seus sentimentos e em busca de uma capacitação interior sempre mais crescente para um relacionamento superior e nobre na esfera de espírito para espírito, de coração para coração, dentro das regras morais do Evangelho de Jesus.

Por isso, temos que aprender a amar, e para amar cada vez melhor precisamos praticar o amor. No crescimento espiritual aplicam-se as mesmas leis usadas pelo corpo e pela alma. Se um homem não exercita seu braço, jamais terá músculos. Se não exercita sua alma, jamais terá fortaleza de caráter, nem ideais, nem a beleza do crescimento espiritual. A esse respeito, Lázaro2 diz que como em sua origem o homem só tem instintos, que são os germens dos sentimentos, o espírito deve ser cultivado como um campo para vencer os instintos em proveito dos sentimentos.

Jesus, não só prescreveu o amor, mas também a maneira de amar, dizendo: “Amai-vos como eu vos amei”. Amar é a grande lei da natureza. O amor é atributo da vida, à medida que ela evolui para planos mais elevados, o amor transcende, assumindo modalidades várias.

Mas que amor é esse que Jesus pregou? O amor paciente, que tudo espera, o amor bondade, que é benigno; o amor generoso, que não arde em ciúme; o amor humilde, que não se ufana nem se ensoberbece; o amor delicadeza, que não se conduz inconvenientemente; o amor entrega, que não procura seus interesses; o amor tolerância, que não se exaspera; o amor inocência, que não se recente do mal; o amor sincero que não se alegra com injustiças, mas regozija-se com a verdade. Essas virtudes compõem o verdadeiro amor, sentimentos esses que devem estar na alma do homem que quer estar presente no mundo e próximo a Deus.

 

Angela Brutes
1KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 99. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1988. p. 195.
2Ibidem, p. 193.