“Segue-se que dois seres nascidos de pais diferentes
podem ser mais irmãos pelo espírito do
que se o fossem pelo sangue”
Allan Kardec – O Evangelho Segundo o Espiritismo,
cap. XIV, item 8.
A família é uma instituição divina. Sob a supervisão de Espíritos moralmente elevados, formam-se na espiritualidade os agrupamentos familiares.
Allan Kardec elucida: “Não são os da consangüinidade os verdadeiros laços da família e sim os da simpatia e da comunhão de idéias”.
Pais e filhos biológicos ou adotados não são almas estranhas umas às outras. Sabemos que o acaso não existe, o processo de ligação entre eles inicia na espiritualidade, e, certamente, em encarnações anteriores. Pais e filhos adotivos são companheiros, prováveis membros da mesma família espiritual.
Segundo esclarecimentos da espiritualidade, aqueles que aguardam a oportunidade da adoção, podem ser filhos que, em função do orgulho, em outras vivências, se tornaram tiranos de seus pais, pagando com ingratidão e dor a ternura e zelo paterno.
Como toda a relação onde prevalece o bom senso, a moral e o amor, os filhos adotivos devem saber a verdade sobre a sua situação, esclarecendo que o amor não nasce de um processo químico-físico e sim no coração das criaturas.
Reforçando a importância do diálogo fraterno e sincero, André Luiz, esclarece-nos: “Filhos adotivos quando crescem ignorando a verdade, costumam trazer enormes complicações, principalmente quando ouvem esclarecimentos de outras pessoas”.
É sabido por todos que pais que desenvolvem o diálogo franco e sincero, com base no respeito mútuo, sob a luz da orientação cristã, fortalecem os laços afetivos, tornando a questão “adoção”, como secundária.
A adoção, além do caráter social, resulta em um amadurecimento dos sentimentos existente nos membros da família que recebe o filho alheio. É ato de amor extremo, além da confiança de Deus na possibilidade de amar e ensinar, perdoar e auxiliar aos companheiros que retornam para hoje valorizarem o desvelo e a atenção que ontem não souberam fazer.
Os adotados trazem, no coração, muitas vezes, desequilíbrios passionais de outros tempos ou arrependimento doloroso para a solução dos quais pedem, ao reencarnarem, a ajuda daqueles que os acolhem, não como filhos do corpo, mas sim filhos do coração.
Recebendo em nossos lares um filho adotivo, guardemos no coração a certeza de que Jesus está nos confiando a responsabilidade sagrada de superar o próprio orgulho e vaidade, amando verdadeiramente e desinteressadamente a criatura de Deus confiada em trabalho de educação e amparo.
Amemos nossos filhos, sem cogitar se nos vieram aos braços pela descendência física ou não, como encargo abençoado que Deus nos presenteia.
Por fim, lembremos Emmanuel: “Recorda que, em última instância seja qual a nossa posição nas equipes familiares da terra, somos, acima de tudo, filhos de Deus”.
Texto baseado nas obras: Um Desafio Chamado Família
Joamar Zanolini Nazareth – Minas Editora
Evangelho Segundo Espiritismo – Allan Kardec