Após 10 anos na prisão, à porta do instituto prisional, João estava finalmente em liberdade. Talvez fosse esse o momento de fazer uma revisão de sua vida. Por que cometera tantos crimes, assaltos; por que se habituara ao álcool; por que magoara tantas pessoas que o amavam?
Lembrou-se de sua infância: um pai indiferente e agressivo. Batia em sua mãe, nele e no seu irmão. Alcoólatra, vivia mais preso do que em liberdade.
João, então, justificou-se: – É claro! Com um pai assim, como eu poderia ser diferente? Que exemplo eu tive na vida?
No outro lado da cidade, em uma casa aconchegante, num bairro agradável, Carlos estava reflexivo: com uma profissão estável, uma família equilibrada e feliz, o que fizera ele para estar em uma posição tão confortável?
Veio à lembrança sua infância: um pai despreparado, alcoólatra, infeliz. Tão infeliz que ele havia prometido a si mesmo, ainda criança, que não repetiria o mau exemplo paterno. Estudou, se esforçou, amparou a mãe até sua morte e ao seu irmão, enquanto ainda tinham contato. Onde estaria ele agora?
João e Carlos eram irmãos. O que os levou a ter vidas tão diferentes, se a origem familiar era a mesma?
Com certeza, a determinação e a vontade; a livre escolha de ser feliz ou não; de seguir o bom ou o mau exemplo; de fazer ou não a coisa certa!
A Doutrina Espírita esclarece que temos o livre-arbítrio. Quanto mais evoluído o espírito, maior é a sua liberdade de escolha. De acordo com o que plantarmos, no futuro colheremos. O plantio é livre, mas a colheita é sempre obrigatória, ainda que ela não aconteça na mesma encarnação.
Fazer a coisa certa em todos os momentos de nossa vida: esse é o passaporte para a felicidade.
Luis Roberto Scholl