Vontade de Deus (A)

Muitas pessoas consideram, equivocadamente, tudo o que acontece ao ser humano como expressão da vontade de Deus. Certamente Deus conhece tudo o que foi, o que é, e o que será, sendo que sempre a tradução de Sua vontade é a manifesta expressão do amor divino, que se revela através da prática do bem, do amor e da justiça.

É pensar de forma simplista supor que os acontecimentos desagradáveis, as tragédias, os sofrimentos, as injustiças humanas são por vontade de Deus e que tudo acontece porque assim Deus quis. Esse pensamento pode nos levar a uma ideia completamente equivocada de que Deus é um ser sádico e vingativo.

Não há determinismo absoluto na vida do Espírito, a não ser a conquista da perfeição relativa, a que todos estamos destinados, após inúmeras experiências reencarnatórias.

Quando se afirma que algo tinha que acontecer, entende-se que este acontecimento certamente é justo, e que foi o resultado das escolhas feitas pelos indivíduos envolvidos, podendo ser fruto de resoluções recentes ou de um passado mais remoto, como até de outras encarnações, cujos reflexos surgem hoje.

O mal não é parte do processo de determinismo divino e, sim, resultado do exercício do livre arbítrio, de acordo com as escolhas de cada ser. Quando o homem se afasta da via da ética e das virtudes, atrai para si sofrimentos que não passam de reflexos do mal praticado e também de advertências aos caminhos equivocados que seguiu.

Inúmeras vezes, ainda ensandecido pelo orgulho e egoísmo, afogado no lamaçal das paixões, o ser humano fecha os olhos e os ouvidos, não querendo compreender os avisos que a vida lhe apresenta. Porém, o resultado de sua rebeldia se apresenta sob forma de sofrimentos, dores, violências, perdas ou tragédias.

Como a vontade de Deus, imutável e eterna, é a expressão do Seu amor, todo ato de delinquência à Sua lei, embora tolerado pela sabedoria divina, é temporário e passageiro, até que comece a vigorar o reinado da vontade divina nos indivíduos – isso é mais uma prova da paciência e da misericórdia do Pai com todas as suas criaturas.

 

Luis Roberto Scholl