Viver implica responsabilidade

Se fôssemos resumir em uma única palavra o ato de bem viver, REPONSABILIDADE seria a palavra adequada.

As leis que regulam o Universo estão estruturadas de forma que cada indivíduo é responsável pela sua vida. Cada ação, por menor que seja, repercutirá, no presente ou no futuro, desencadeando, pela lei de causa e efeito, um resultado positivo ou negativo, conforme os propósitos bons ou maus.

Deus, a Inteligência Suprema do Universo, cria os Espíritos, em igualdade de condições e dotados de recursos que os capacitam a caminhar na direção do objetivo de todos: a perfeição. Essa meta será conquistada ao longo das múltiplas encarnações, quando o ser será submetido a vivências nas mais variadas condições, a fim de adquirir o conhecimento e a moralidade, todas as ciências e virtudes, superando os vícios e imperfeições.

Desse modo, pelas escolhas e pelos seus esforços, cada Espírito está hoje vivenciando, dentro do patamar evolutivo alcançado, as experiências que melhor se ajustam às suas necessidades de progresso.

Para que tenha êxito na jornada inúmeros recursos são necessários. Muitas providências são tomadas pelos Espíritos Superiores que, aqui na Terra e em todas as dimensões planetárias, suprem a incapacidade e secundam os esforços do jornadeiro em evolução.

Assim, a vida se reveste de uma gravidade que a maioria ignora. Quantos esforços dos amigos espirituais para que a vida aconteça na Terra. Quanta abnegação e renúncia daqueles que nos receberam como filhos, os quais, em muitos casos, poderiam optar por um Espírito mais evangelizado, mas pelo amor que nos devotam, nos aceitaram apesar do ônus que isto lhes impôs. Nem sempre pensamos no trabalho, anônimo e as ocultas, do nosso Espírito protetor, encarregado de nos conduzir no caminho do bem.

Por isso, responderemos pela oportunidade perdida. Seremos cobrados pelos recursos que foram desperdiçados. Do corpo físico, este veículo que nos possibilita o aprendizado na matéria; pelos excessos de qualquer ordem, pensamentos e sentimentos que geram desarmonia; dos talentos da inteligência, a família, as oportunidades de estudo e trabalho. Responderemos, também, pelos prejuízos financeiros, morais e afetivos que causamos para os outros. Tudo que for mal utilizado terá consequências inevitáveis. Olvidar os compromissos assumidos e os conselhos advindos dos amigos invisíveis, pelos sutis canais da intuição, naturalmente implicará na nossa desdita, pois o reflexo das nossas ações será o Juiz que nos acompanhará onde quer que nos encontrarmos.

Cabe destacar que não basta apenas não fazer o mal, embora uma conquista importante, cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo mal que haja resultado de não haver praticado o bem, nos alertam os Espíritos encarregados da revelação da Doutrina Espírita1.

Teremos que responder pelo bem que não fizemos, assim como pelo mal que praticamos. Não nos é possível ter atitudes neutras, pois toda atitude tem consequências. A vida nos convida a uma atitude positiva, de quem realiza o que precisa ser feito, independente das limitações, obstáculos e dificuldades que se apresentam.

Por outro lado, aquele que se esforça, superando a acomodação e o egoísmo, receberá o fruto do amadurecimento espiritual e a paz resultante da consciência tranquila. Terá a felicidade dos que dignificam a vida, e as oportunidades sem malbaratar os preciosos recursos que Deus coloca a sua disposição.

Cleto Brutes
1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 89. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 642.