Vida no Mundo Espiritual (A) – parte II

Reproduzimos a seguir a segunda parte de algumas anotações que foram extraídas do livro Nosso Lar.

O lar é instituição essencialmente divina. É conquista sublime que os seres humanos vão realizando vagarosamente. Na fase atual evolutiva do planeta, existem, na esfera carnal, raríssimas uniões de almas gêmeas,reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. As pessoas não são umas das outras, mas umas com as outras para as experiências do conviver. O verdadeiro casamento é das almas e essa união ninguém poderá quebrantar. O matrimônio espiritual realiza-se, alma com alma, representando os demais simples conciliações indispensáveis à solução de necessidades ou processos retificadores, embora todossejam sagrados.

O pão divino. O grande alimento das almas é o amor, que está acima da união física. O espírito encarnado saberá, mas tarde, que a conversação amiga, o gesto afetuoso, a bondade recíproca, a confiança mútua, a luz dacompreensão, o interesse fraternal – patrimônios que se derivam naturalmente do amor profundo – constituem sólidos alimentos para a vida em si.

O trabalho no bem. O verdadeiro bem espalha bênçãos em nosso caminho.Toda a tarefa na Terra, no campo das profissões, é convite de Deus para que o espírito penetre os templos divinos do trabalho. O título é apenas umaficha, que habilita a aprender nobremente a servir ao Senhor. A experiência humana, em hipótese alguma, poderá ser levada à conta de brincadeira. Na Terra, o maior trabalhador é o próprio Cristo e Ele não desdenhou o serrote pesado de uma carpintaria. A ciência de recomeçar é das mais nobres que nosso espírito pode aprender. Trabalhar para o bem dos outros, para encontrar o próprio bem, pois o trabalho é tônico divino para o coração. É indispensável converter toda a oportunidade da vida em motivo de atenção a Deus. O gesto de amor ao desiludido, o olhar de compreensão ao culpado, a promessa evangélica aos que vivem no desespero, a esperança ao aflito, constituem bênçãos de trabalho espiritual, que o Senhor observa e registra. As leis divinas concedem sabedoria ao que gasta tempo em aprender e  mais vida e mais alegria aos que sabem renunciar no trabalho ao semelhante.

As oportunidades. Quando o discípulo está preparado, o Pai envia o instrutor. O mesmo se dá, relativamente ao trabalho. Quando o servidor está pronto, o serviço aparece. Assim, é importante estar atento a circunstâncias aparentemente casuais, pois quando o Criador convoca a determinado lugar é por que há alguma tarefa a realizar. Mas jamais esquecer de dar de si mesmo, em tolerância construtiva, em amor fraternal e divina compreensão.

O sentido da vida. A vida não cessa. A vida é fonte eterna e a morte é jogo escuro das ilusões. O grande riotem seu trajeto, antes do mar imenso. A alma percorre igualmente caminhos variados e etapas diversas, também recebe afluentes de conhecimentos, aqui e ali, avoluma-se em expressão e purifica-se em qualidade, antes de encontrar o Oceano Eterno da Sabedoria. Cerrar os olhos carnais constitui operação demasiadamente simples. Permutar a roupagem física não decide o problema fundamental da iluminação, como a troca de vestidos nada tem que ver com as soluções profundas do destino e do ser.

O conselho de André Luiz. “Oh! Amigos da Terra! Quantos de vós podereis evitar o caminho da amarguracom o preparo dos campos interiores do coração? Acendei vossas luzes antes de atravessar a grande sombra.Buscai a verdade, antes que a verdade vos surpreenda. Suai agora para não chorar depois.”

XAVIER, Francisco Cândido. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 52. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002.