Saber ouvir

 Há algum tempo atrás escrevemos sobre o bom uso da fala (SEARA ESPÍRITA, nº 44, julho/02) e a importância de utilizarmos bem esse modo de comunicação entre os homens.

            Hoje, abordaremos sobre “a capacidade mais importante na comunicação: saber ouvir”. (Batuíra)

            Utilizamos uma grande parte do nosso tempo e do nosso intelecto para aprender a ler, escrever e falar, mas ainda não despertamos para o valor de aprender a ouvir. Escutar, até já sabemos fazer, mas ouvir, é diferente. Escuta-se com o aparelho auditivo, mas ouve-se com a ALMA.

            O indivíduo, já desperto para a realidade do espírito, anseia por evoluir, crescer, e com o seu desenvolvimento, alavanca o progresso da sociedade. Através da caridade, esses objetivos serão alcançados em bases sólidas. Ouvir é uma das formas mais belas de caridade.

            Ao dedicarmos algum tempo para ouvir alguém em desespero, em desconsolo, aflito ou amargurado, com problemas de convivência ou relacionamento, mesmo que não emitamos orientações, já estamos auxiliando-o a aliviar a sua carga de problemas. Se tivermos condições de, além de ouvir com atenção, aconselhar, que o façamos dentro da ótica Espírita/Cristã, enfatizando a necessidade de evolução do espírito, através da dor e do sofrimento por causa das nossas imperfeições. As nossas mazelas, não sendo obra do acaso, nem da injustiça de Deus, são causadas pelas nossas atitudes, como um reflexo da lei de causa e efeito. A compreensão, por mais superficial que seja, desses conceitos, auxilia na transformação de problemas aparentemente eternos, em dificuldades temporárias.

            Como diz o dito popular, se Deus nos deu dois ouvidos e uma boca, é para que ouçamos mais e falemos menos.

            Usar desse dom requer treino e paciência, amor e tolerância, pois só assim estaremos utilizando com sabedoria o silêncio, meditando as palavras que foram ditas, para melhor auxiliar o próximo.

            Jesus instruía falando e exemplificando. Alguns homens apenas escutaram e não absorveram as suas lições; outros, porém, o ouviram e, na compreensão dos seus ensinamentos, modificaram suas atitudes, impulsionando o espírito para a felicidade plena.