Reparando erros II

 “O amor cobre uma multidão de pecados” (1 Pd 4,8)

            Quando se adquire o conhecimento, conscientemente entende-se que todas as ações trazem resultados positivos ou negativos, consoante o caráter utilizado.

A reparação das ações equivocadas é algo que inevitavelmente se tem que arcar frente à justiça divina. Quanto antes acontece o despertar para essa necessidade, mais cedo ocorre o benefício da consciência tranquila e da felicidade proporcionada pela paz conquistada.

Para alguns, há crimes que não merecem perdão, nem oportunidade de reparação. Estão errados. Esses indivíduos ainda não compreenderam que todos merecem a misericórdia de Deus. Pode ser nesta ou nas futuras reencarnações, mas sempre existirão chances de recuperação do mal praticado, através do amor.

Conta uma história que o inestimável líder hindu, Mahatma Gandhi, estava jejuando para protestar pacificamente contra os tumultos sangrentos que se seguiram à divisão que criou a Índia hindu e o Paquistão muçulmano, em 1947.

Devido a sua fraqueza física, vários líderes haviam pedido para que ele parasse com seu jejum, preservando a própria vida. Convicto, ele só deixaria o protesto quando cessassem as lutas fratricidas, e os povos irmãos depusessem as armas.

Um homem hindu se aproxima dele:

– Coma, coma! Eu vou para o inferno, mas não com sua morte em minha consciência – desabafou o homem.

– Só Deus decide quem vai para o “inferno”! respondeu Mahatma.

– Matei uma criança, diz o hindu, atormentado. Esmaguei a cabeça dela contra uma parede.

– Por quê? – pergunta Gandhi.

– Meu filho! Os muçulmanos mataram meu filho!

– Eu conheço uma saída do “inferno” em que você se encontra – diz Mahatma. Encontre uma criança, um menino com as mesmas características, cujos pais tenham sido mortos, e crie ele como se fosse seu próprio filho. Tenha absoluta certeza de que a criança seja um muçulmano e deixe que cresça como tal.

O homem atormentado e torturado pela culpa cai de joelhos e chora aos pés do mestre hindu.

Por mais grave que seja a falta, sempre haverá outra oportunidade. É necessário passar pelo estágio do arrependimento e não estacionar no remorso da culpa. Após tomar consciência do erro, procurar agir reparando o mal já cometido. Se não for mais possível com a criatura prejudicada, que seja com o próximo necessitado.

A vida (Deus) se encarregará de que aconteçam situações que possibilitem a regeneração através do amor sincero e do desejo de melhorar-se.

Roberto Scholl